Marido de mulher com coronavírus diz que ela não ‘furou’ quarentena
O empresário de 61 anos, marido da mulher douradense com testagem positiva para o coronavírus que está sendo acusada de ter saído oito vezes, em apenas um dia do Ecoville I, um condomínio de luxo de Dourados, disse ao Jornal Midiamax nesta segunda-feira (04), que a informação é inverídica. “Ela ficou cumprindo a quarentena sim. […]
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O empresário de 61 anos, marido da mulher douradense com testagem positiva para o coronavírus que está sendo acusada de ter saído oito vezes, em apenas um dia do Ecoville I, um condomínio de luxo de Dourados, disse ao Jornal Midiamax nesta segunda-feira (04), que a informação é inverídica. “Ela ficou cumprindo a quarentena sim. Era eu quem estava dirigindo o carro dela em todas as vezes que o veículo entrou e saiu do condomínio no dia 29 de abril”, disse.
No entendimento do empresário, as informações repassadas à Justiça não correspondem corretamente aos fatos e que irá tomar as providências cabíveis junto às instâncias jurídicas. “Resolvi utilizar o carro da minha esposa porque o meu está na seguradora arrumando por motivo de acidente. Por isso usei um dos dois carros dela”, afirmou ele, ressaltando que “na portaria o cadastro do veículo está no nome dela e o sensores acabaram registrando como se fosse ela, mas não foi”, ressalta ele.
O empresário douradense, que também é engenheiro agrônomo formado pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), explicou que “por não apresentar nenhum sintoma do coronavírus” acabou saindo para trabalhar”. “Não tive nenhuma intenção de colocar qualquer pessoa em risco. Até porque não estou doente”, reiterou ele.
Segundo o empresário, que entrou em contato com o Jornal para prestar esclarecimento a respeito das acusações de quebra de quarentena, tanto ele quanto a mulher, tem “plena consciência dos perigos que essa doença representa” e que o casal está sofrendo ameaças e acusações de todos os tipos por meio das redes sociais. “Depois do que aconteceu não estou nem podendo mais abrir a minha empresa”, reclama.
Em relação à denúncia formulada pelo MPE (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), o acusado também afirmou tratar-se de “calúnia e difamação” contra a sua família. Segundo ele, os contatos com moradores foram feitos pelas redes sociais para ajudar uma funcionária que trabalha com eles há dois e que está gestante.
“Minha esposa não percorreu as ruas do condomínio. Ela foi sim até o Ecoville II no dia 28, quando ainda não tinha recebido o diagnóstico do exame coletado no dia 27 no sistema drive-thru, mas apenas para buscar a doação de um berço e que ela também foi até uma casa no condomínio onde moram para buscar um carrinho de bebê. Ela estava sim acompanhada por essa funcionária que está grávida, mas em nenhum momento as duas desceram do veículo”, disse ele.
O Jornal Midiamax, a exemplo do que vem fazendo em todas as coberturas relacionadas à pandemia, reafirma seu compromisso com a sociedade e com verdade dos fatos, ressaltando que neste caso, também se ateve às fontes oficiais, como a decisão proferida pela juiz , Emerson Ricardo Fernandes.
Entenda o caso
A decisão do juiz Emerson Ricardo Fernandes atende o pedido do promotor Eteócles Brito Mendonça Dias Junior, da 10ª Promotoria do MPE (Ministério Público Estadual de MS) contra o casal. “Ainda sobre este fato, lamentáveis são diversos registros diários de entrada e saída dos veículos no condomínio em que os requeridos residem”, fundamenta o magistrado.
A testagem positiva da mulher foi coletada no sistema drive-thru de Dourados no primeiro dia de funcionamento. Segundo a denúncia do MPE, a mulher e seu marido, que é empresário em Dourados e atua no ramo de compra e venda veículos, já haviam sido comunicados do resultado pelas autoridades de saúde do Município. Ainda assim, a orientação geral é para que, enquanto o diagnóstico de Covid-19 não sai, os pacientes precisam se manter em quarentena preventiva.
A mulher também foi acusada de ter percorrido algumas ruas do condomínio onde reside, e também no Ecovile II, outra área que compõe o complexo luxuoso e fechado da cidade. Segundo o MPE ela estava acompanhada de uma mulher grávida, e teria mantido contato com alguns moradores para arrecadar doações.
“Ainda que sua atitude seja louvável (recolher doações de moradores para ajudar outras que mais necessitam), esta só seria legítima se não colocasse em risco outras famílias, já que o risco de contágio é iminente”, afirma o magistrado.
Ao acatar o pedido do promotor, o juiz determinou que a mulher com coronavírus cumpra a quarentena domiciliar até a cura e alta médica, bem como que seu esposo, cumpra o isolamento domiciliar, permanecendo em sua residência, até que receba o resultado negativo quanto à doença ou, em caso de confirmação, até sua cura e alta médica.
Além disso, o Judiciário solicita ainda que, no prazo de 24 horas, o casal entre em contato com as autoridades sanitárias do município de Dourados e indiquem nomes e dados pessoais de todas as pessoas com quem tiveram contato nas últimas duas semanas para imediato monitoramento pela vigilância epidemiológica.
Ao fundamentar a decisão, o magistrado reconhece que, todo cidadão tem o direito constitucional de ir vir, entretanto, segundo ele, “em situações excepcionais como esta vivenciada hodiernamente, em que nos deparamos com um surto, uma PANDEMIA, todo aquele cidadão contaminado com a COVID-19, ou que possua contato com alguém contaminado, deve seguir as recomendações previstas em LEI”.
Ainda, segundo o entendimento da Justiça, os dois “devem ser compelidos a permanecer em casa, sendo que este fato deve de forma alguma ser considerada restrição ao seu direito de ir e vir”, como forma de evitar danos à saúde pública da coletividade.
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