Com bairro na lanterna do isolamento social, população pede consciência contra o coronavírus
A região compreendida pelo bairro Maria Aparecida Pedrossian, no extremo leste de Campo Grande, amanheceu nesta quarta-feira (29) amargando a última posição no ranking divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) sobre o isolamento social na Capital para enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). Com índice de 23,3% –quase como se, a cada 10 pessoas, […]
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A região compreendida pelo bairro Maria Aparecida Pedrossian, no extremo leste de Campo Grande, amanheceu nesta quarta-feira (29) amargando a última posição no ranking divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) sobre o isolamento social na Capital para enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). Com índice de 23,3% –quase como se, a cada 10 pessoas, apenas 2 ficaram em casa– na terça-feira (28), os bairros têm vivenciado, nos últimos dias, uma rotina normal.
O “normal”, aqui, inclui filas em lotéricas, comércios cheios e até praças e áreas de lazer tomadas por jovens, quando nas demais regiões da cidade os espaços foram fechados para evitar aglomerações –e, assim, conter o coronavírus. O relato partiu de Jânio Batista de Macedo, da Amape (Associação dos Moradores do Maria Aparecida Pedrossian), que, com o percentual atingido nesta quarta-feira, foi à internet puxar a orelha dos vizinhos.
Segundo Jânio, 5 das 10 comunidades que integram a região da MAP (Residencial Maria Aparecida Pedrossian, Residencial Fernando Sabino, Residencial Oiti, Jardim Samambaia, Vivendas do Parque e Jardim Panorama, além dos 4 condomínios do Dahma), onde vivem mais de 10 mil pessoas, já registraram casos de Covid-19. “Não podemos acordar para a situação quando a morte chegar entre nós”, afirmou ele, na internet, em postagem repercutida e comentada por pessoas de diferentes bairros.
“Difícil, hein? Sexta-feira tava o fervo no bairro! Conveniências e feira cheias, não usavam máscaras! Até achei que era o fim da pandemia”, disse uma moradora que, em postagem ilustrada com polêmica declaração de Bolsonaro sobre o avanço dos casos no país, reiterou que a culpa é dos cidadãos. “A população não se importa”.
Outro comentário denunciava um bar que, às 18h, estava “cheio de pessoas” e, um terceiro, relatou que, durante ida ao mercado, viu que só 3 em cada 10 pessoas usavam máscaras.
“Aqui tá difícil, ninguém quer usar máscara. Tiram sarro de quem usa. O povo não acredita”, reclamou outra internauta, que fez coro para diversas pessoas que pediam para a população se cuidar e usar máscara para se cuidar.
Em meio aos comentários, vieram denúncias de outras regiões da cidade, como o Santo Amaro e o Tiradentes, nos arredores da Lagoa Itatiaia, nos quais o distanciamento social também teria ficado para trás.
Fonte de preocupações
“Na nossa quadra de vôlei de praia funcionam projetos da Funesp e da Amape [a associação de moradores do bairro], que estão suspensos por conta da quarentena. Mas muitos jovens continuam indo lá, compartilhando tereré, fazendo atividades esportivas e aglomerações. Nos supermercados, vemos pessoas sem máscaras. Na lotérica, que faz pagamentos e efetua depósitos, a fila está sempre enorme e as pessoas não respeitam aquele 1,5 metro de distância. As recomendações sanitárias estão em desleixo total”, disse Jânio ao Jornal Midiamax. A sede da Amape está fechada desde a pandemia, recebendo apenas manutenção.
Apesar de enumerar os locais, o líder comunitário destaca que o empresariado vem fazendo sua parte, seguindo as orientações da Saúde Pública. “São as pessoas. Não adianta as autoridades darem o norte das recomendações sanitárias. Se nós amamos nossos familiares, parentes e amigos, temos de adotar um comportamento de proteção deles e de nós mesmos, que é o isolamento social”, disse, enfatizando que, principalmente, os jovens e as pessoas que tentam manter a rotina normal são os que mais desobedecem as orientações.
A preocupação, segundo ele, cabe porque a região do Residencial Maria Aparecida Pedrossian tem um grande número de idosos –um dos grupos de risco do coronarívus e que podem contrair a doença de pessoas mais jovens, que podem ter o vírus e não desenvolver os sintomas. Jânio afirma que teve relatos de 13 pessoas contaminadas na região do bairro, com históricos de viagem para fora do Estado e do país ou de contato com moradores do Dahma –que, no início, foi um dos principais focos da doença na Capital e, nesta quarta, apareceu com a 3ª maior taxa de isolamento social da cidade (57,3%).
“Recentemente uma pessoa ligou pedindo socorro por conta do pai, de 70 anos, que tinha as condições da Covid-19. Alertei a unidade básica e ele foi encaminhado para triagem e hospitalizado no HR”, relatou.
O distanciamento social foi divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) com base no monitoramento do sistema In Loco, que usa dados de telefonia celular para mostrar concentrações de pessoas e, a partir dali, desenha taxas de aglomerações. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (28), mas são referentes ao dia anterior.
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