Interatividade para superar limitações: projeto de extensão muda realidade de alunos da Pestalozzi
Aplicar a ciência e tecnologia para mudar a realidade da comunidade à sua volta. Esse foi o lema de alunas do IFMS campus de Aquidauana, que desenvolveram projeto sob medida para atender às necessidades de cerca de cem crianças atendidas pela Associação Pestalozzi no município. A entidade enfrentava dificuldades de falta de materiais e, principalmente, […]
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Aplicar a ciência e tecnologia para mudar a realidade da comunidade à sua volta. Esse foi o lema de alunas do IFMS campus de Aquidauana, que desenvolveram projeto sob medida para atender às necessidades de cerca de cem crianças atendidas pela Associação Pestalozzi no município.
A entidade enfrentava dificuldades de falta de materiais e, principalmente, de softwares voltados para os deficientes intelectuais. No local, ainda eram usados CD-ROM com Windows 95 em mau funcionamento. Bastou uma conversa para que o problema enfrentado pela Pestalozzi chegasse ao Instituto. “A Vitória que é uma das desenvolvedoras era aluna do técnico informática e a mãe dela trabalha na Pestalozzi e tinha falado sobre a demanda”, relembrou o professor e orientador do projeto, Sidney Sousa, sobre o início do projeto.
Etapas do projeto
A primeira ideia era desenvolver uma espécie de hardware para ajudar a superar as limitações físicas, mas a proposta foi aprimorada para uma plataforma web visto que na entidade havia internet à disposição. Dessa forma, seria dispensada a instalação facilitando o acesso.
Surgiu então o Webool para proporcionar acesso a atividades dentro de disciplinas como português, matemática, história e artes. A proposta era reduzir o uso do mouse e teclado e foi pensada em conjunto com a professora de informática da entidade, para garantir que o suporte para as aulas seria adequado. “Por meio do Webool ela conseguiu introduzir a informática”, relembrou.
A criação do projeto teve duas fases: a primeira durou um ano. Nela, as alunas implementaram primeiro as atividades mais simples. Na segunda, introduziram realidade aumentada na plataforma.
Em uma atividade de História, por exemplo, são apresentados pontos turísticos de Aquidauana. Por meio da realidade aumentada, o aluno pode ver como é a igreja, ter noção do Parque da Lagoa Comprida. Basta ligar a webcam e direcionar para ela o QRCode contido em cada card. Ao fazer a leitura do código, o programa identifica e mostra a imagem correspondente.
Para inserir as imagens do sistema, as alunas desenharam os pontos turísticos adaptando formas pré-existentes. O site entrou em funcionamento no final de 2017 e desde então vem sendo utilizado pela Pestalozzi e aperfeiçoado pelas estudantes, que já concluíram o ensino médio e devem continuar melhorando o site.
“O Instituto Federal como um todo tenta suprir essas demandas locais”, ressalta o coordenador do projeto, professor no IFMS desde 2013. Atuante na área de Ciência da Computação e coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Software, ele destaca que todos os trabalhos possuem característica interdisciplinar.
Na avaliação dele, foi gratificante ter conseguido desenvolver uma ferramenta que realmente fosse utilizada, fazendo a diferença na vida dos alunos. Além disso, o Instituto conseguiu fazer a ligação de jovens do interior do Estado com o meio científico e tecnológico. “Graças ao IFMS as meninas viajaram, foram premiadas, tiveram o trabalho apresentado em Florianópolis, Porto Alegre”, relembra o professor.
A próxima parada deverá ocorrer em abril de 2020 na Dinamarca. Após conquistarem o primeiro lugar na categoria Ciência da Computação da Mostrapec, as estudantes conseguiram credenciamento para a feira internacional.
Perspectiva
A experiência proporcionada pelo IFMS mudou a vida da estudante Vitória Pereira Rocha. “No começo, eu não me imaginava fazendo alguma coisa de computação. Eu queria gastronomia ou design gráfico e aí quando entrei no IF eu nem imaginava como ia ser o curso, nem sabia o que era programação”, relembra.
No primeiro ano no Instituto ela deu início ao projeto do Webool com a amiga Jéssica da Gama. “Não ia ser um site, seria algo mais como um hardware pra auxiliar mesmo. Mas, com a visita a gente percebeu que eles tinham muito mais alunos com deficiência intelectual”, detalha, sobre as adequações feitas durante o desenvolvimento para atender à necessidade local.
No decorrer dos trabalhos, Jéssica ficou responsável pela parte visual e Vitória pela programação. “E aí eu comecei a perceber o gosto que eu tinha por isso”, contou. Hoje, ela cursa o curso de Sistemas para a Internet, mas planeja também fazer Sistema da Informação ou Ciência da Computação para seguir carreira nessa área.
Questionada sobre o futuro do Webool, ela garante que seguirá aperfeiçoando a proposta. Agora, as estudantes enfrentam os desafios de arrecadarem recursos para participar da feira na Dinamarca. “Estamos classificadas e queremos ir lá apresentar o projeto”, contou. Independente do destino, graças ao IFMS Vitória já sabe o caminho que irá trilhar. Mais informações sobre o projeto desenvolvido pelas estudantes pode ser conferido pelo link do projeto: https://webool.web.app/
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