Escola de Campo Grande apura denúncias de assédio sexual contra professor
O Colégio Elite Mace, uma das escolas mais tradicionais de Campo Grande, informou que está investigando denúncias de casos que poderiam ser enquadrados como assédio sexual que teriam sido cometidos por professores contra alunas do Ensino Médio. Essas denúncias chegaram ao conhecimento da escola por meio de um canal oficial de denúncias e, segundo a […]
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O Colégio Elite Mace, uma das escolas mais tradicionais de Campo Grande, informou que está investigando denúncias de casos que poderiam ser enquadrados como assédio sexual que teriam sido cometidos por professores contra alunas do Ensino Médio. Essas denúncias chegaram ao conhecimento da escola por meio de um canal oficial de denúncias e, segundo a assessoria de imprensa do colégio, são investigadas de forma sigilosa.
Além das denúncias feitas no canal oficial, uma página em rede social está sendo utilizada para denunciar os casos. Os relatos são feitos de forma anônima por alunas e ex-alunas sobre diferentes professores e um funcionário do estabelecimento de ensino. As alunas relatam comentários de cunho sexual, toques inapropriados, pedidos de “nudes” e suposta omissão da escola.
As redes utilizadas para as denúncias são o Curious Cat (em que os usuários podem fazer perguntas e confissões de forma anônima) e o Twitter “Mace contra o Assédio” . Em dois dias, mais de 50 comentários, principalmente relatos, foram feitos por alunas e ex-alunas sobre o Colégio Elite Mace.
As estudantes alvo dos episódios são do Ensino Médio e têm faixa etária de 15 e 16 anos. Pelos relatos, é possível entender que as atitudes inapropriadas dos educadores não é algo novo, mas uma suposta ‘passada de mão’ nas nádegas de uma aluna foi o estopim e o que deu coragem para que elas expusessem as situações.
A assessoria de imprensa do colégio informou que não comentaria casos específicos, nem quis informar quantas denúncias recebeu. Disse que repudia qualquer tipo de assédio e discriminação e informou que está “apurando cada relato para tomar as devidas atitudes a respeito”.
Sobre a direção e coordenação da escola, as alunas dizem já que foram feitas diversas reclamações, mas que nunca tiveram respostas e nenhuma atitude foi tomada com relação aos supostos casos de assédio.
Um dos professores citados como autor de “assédios pesados” já não está mais na unidade e as alunas “dão graças a Deus”. Entre os comentários, há quem afirme que ele já pediu fotos íntimas, os chamados “nudes”, e o telefone de estudantes.
O Jornal Midiamax conversou com alunas do Ensino Médio da escola e elas confirmam que as situações denunciadas são de conhecimento de muitos alunos e da direção da escola. As adolescentes dizem sentir-se inseguras e constrangidas com as situações e comentários, mesmo quando não são os alvos diretos dos professores em questão.
Segundo as estudantes, a vítima que foi apalpada por um funcionário contou que andava por um dos blocos para esperar o namorado quando um funcionário da escola a tocou. A garota contou para a família – que foi até o estabelecimento de ensino.
O que os alunos sabem é que ele chegou a pedir desculpas à adolescente, mas quando descobriu que câmeras de segurança não gravaram o acontecido, passou alegar que foi invenção da menina.
Sobre um dos educadores citado na página de denúncia, uma das alunas conta que ele é do tipo extrovertido e que faz diversas brincadeiras com os alunos na sala de aula, mas que passa dos limites com comentários machistas e que chega a constranger as meninas.
Os alunos da escola relataram, ainda, que após o episódio envolvendo o funcionário e a publicação das denúncias na internet, o professor primeiro mudou de atitude na sala de aula, permanecendo sério, e depois chegou a fazer comentários jocosos. Ele teria ido cumprimentar uma aluna e disse que seria aperto de mão pois “agora tudo é assédio” na escola.
Os estudantes dizem que sabem muito bem diferenciar um gesto cordial e de carinho, que outros professores têm, dos gestos que se tornam constrangedores.
Outro ponto levantado pelas estudantes é que os comentários com teor machista de alguns educadores são visíveis que chegam a ser comentados por outros professores.
Confira alguns dos relatos:
“Agora o **** já pediu o meu número e disse que se eu mandasse nude para ele, ele me daria dez. No último dia de aula, ele disse que me pegaria e, que se fosse uma conversa séria, eu não negaria, porque ele era um ‘homão da po**’”.
“ *** é o tipo de cinismo que fala da família e esposa, mas inclusive, com alunos do sexo masculino comenta sobre as alunas… Cansei de vê-lo comentando com guris sobre como tal foto de tal pessoa atiçava de tal forma… nojo”.
As alunas ainda reclamam de atitudes machistas por parte da escola. Elas dizem que são questionadas e repreendidas quando utilizam determinadas roupas, como as calças rasgadas. Em contrapartida, a escola não possuiria a mesma rigidez com as vestimentas dos meninos, sendo que é relatado episódio em que eles tiraram as camisetas e não tiveram nenhum questionamento sobre isso.
A Mace (Moderna Associação Campo-grandense de Ensino) é uma das escolas particulares mais tradicionais de Campo Grande, com quase 50 anos. Em 2017, foi vendida à rede de ensino Elite e passou a se chamar Elite Mace.
A situação de assédio nas escolas não é nova e, periodicamente, comentários sobre educadores “que dão em cima” de alunos e alunas voltam a aparecer, independente se são particulares ou públicas.
O grupo Elite foi procurado pelo Jornal Midiamax e encaminhou nota de posicionamento. A escola afirmou que está apurando a situação e que repudia qualquer tipo de assédio ou discriminação. (Nota na íntegra)
O que é assédio
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) explica que o assédio sexual não é paquera nem elogio. É uma manifestação grosseira, independente da vontade da pessoa a quem é dirigida e que pode ser configurado como crime, dependendo do comportamento do assediador.
Em locais públicos, a vítima deve pedir ajuda e acionar forças de segurança. Em ambientes ‘fechados’, as vítimas devem procurar a Polícia Civil e abrir um boletim de ocorrência. É importante reunir provas e testemunhas. No trabalho, o sindicato da categoria e o MPT (Ministério Público do Trabalho) também podem ser acionados. O governo Federal também disponibiliza o número 180 para denúncias – que podem ser anônimas.
Não só em MS
Nesta semana, um coletivo de mulheres, alunas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), utilizou a mesma tática para denunciar o mesmo crime. Elas criaram um formulário online para que casos de assédio sejam denunciados.
Na página do Coletivo de Mulheres Alzira Reis – Saúde UFMG foram publicadas mais de 100 denúncias de assédio, incluindo moral e sexual. Também foram feitos esclarecimentos sobre os termos para incentivar que os casos sofridos, envolvendo alunos, professores e funcionários, sejam compartilhados.
#FoiAssedioNaSaudeUFMGDurante o período que fui monitora do departamento de anatomia da UFMG testemunhei diversas…
Posted by Coletivo de Mulheres Alzira Reis – Saúde UFMG on Friday, August 31, 2018
No dia 17 deste mês, alunas de colégios do Rio de Janeiro também fizeram diversas denúncias de assédio pelo Twitter. Com uma hashtag, diversos casos foram compartilhados e a repercussão provocou protestos contra o assédio em colégios da cidade.
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