Com alta do combustível, motoristas de aplicativos divergem sobre paralisação
Objetivo é diminuir taxas pagas às plataformas
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Objetivo é diminuir taxas pagas às plataformas
Aplicativos de transporte como Uber e 99 Pop já são realidade em Campo Grande e desde que foram implantados, em agosto de 2016, passam por desde aprimorações a polêmicas, que colocaram em lados opostos motoristas, poder público e usuários. Uma das mais recentes, segundo relato de passageiros, é que motoristas de aplicativos planejam grande paralisação dos serviços na Capital devido a pouca lucratividade gerada pelas corridas, principalmente após a alta do combustível nos últimos meses.
Com isso, cresce o temor de que o preço do serviço volte a encarecer – devido às tarifas dinâmicas (quando há poucos motoristas circulando, fazendo com que os valores a serem pagos oscilem) – ou que seja necessário recorrer aos táxis – que apresentam valor de corrida superior aos carros de aplicativo.
De fato, no final de janeiro, integrantes da Applic-MS (Associação dos Parceiros em Aplicativos de Transporte de Passageiros e Motoristas Profissionais Autônomos de Mato Grosso do Sul) realizaram uma paralisação de cerca de 200 motoristas que, segundo a entidade, ocasionou o aumento das tarifas em diversas localidades de Campo Grande. Segundo o presidente da Applic, Paulo César Teodoro Pinheiro, uma nova paralisação está progamada para este mês, no próximo dia 23.
“Este movimento é porque a tarifa está defasada há 16 meses. Aumentou valor do combustível, da manutenção do carro, do aluguel, do pneu e continuamos trabalhando pelo mesmo valor. Temos relatos de vários motoristas que estão até saíndo de Campo Grande, porque com esta tarifa aqui está difícil”, explica Pinheiro.
Segundo ele, o objetivo da paralisação é chamar atenção tanto da população como das plataformas para a necessidade de reajuste das tarifas. Atualmente, o valor repassado a Uber é de 25% e ao 99 é de 19,99%. “O motorista ganha apenas R$ 1,10 por quilômetro rodado na Uber. Isso é um absurdo. Nosso objetivo é chegar a pelo menos R$ 1,30. Sempre lutamos para que o repasse seja de 20%, como é no 99, porque também queremos imparcialidade entre os serviços”, explica.
Contraponto
À frente de outra entidade representativa dos motoristas de aplicativo, a AMU (Associação dos Motoristas de Mobilidade Urbana de Campo Grande), Wellington Dias contesta a eficácia da estratégia desenvolvida pela Applic e afirma que a maioria dos motoristas da Capital posicionou-se contra a ideia, visto que uma paralisação prejudicaria tanto os profissionais como os consumidores.
“A insatisfação é grande, mas desconsideramos momentaneamente a possibilidade de paralisação, por que existem vários motoristas que sustentam suas famílias com a renda diária que conseguem nos aplicativos e uma paralisação geraria um transtorno imenso para eles”, explica Dias. “Somos contrário a qualquer atitude que prejudique os motoristas e a população. Nossa proposta para os aplicativos é que assim como estamos ‘apertando o cinto’, que eles possam apertar o deles também”, acrescenta.
Apertar o cinto, no caso, é diminuir a porcentagem dos repasses às plataformas por cada viagem – contrapartida à organização da AMU, que além de negociar com as empresas pelo reajuste do repasse, afirma buscar parcerias com empresas locais na execução de serviços de manutenção e de abastecimento. “A associação tem feito parcerias com postos de combustíveis que dão descontos para motoristas associados, mecânicas, distribuidora de peças, descontos em veículos e muito mais. Estamos procurando meios pelo quais se torne viável aos motoristas dar continuidade aos seus serviços”, aponta Dias.
Wellington afirma que a negociação pelo reajuste do repasse é possível e que em algumas capitais já existe o índice de 17%, que aliviaria os motoristas. “Estamos centralizando nossa manutenção em empresas que decidiram diminuir sua margem de lucro com a visão de obter uma maior demanda. A partir de semana que vem, teremos um posto que vai vender gasolina a R$ 3,85 para nossos motoristas associados”, explica.
Posicionamento
Questionada pela reportagem se há possibilidade de reajuste da taxa de 25% para a categoria UberX, a empresa enviou nota na qual explica a estratégia de cobrança de taxas, mas não destaca se haverá reajuste devido a alta de preços. Confira-a na íntegra:
“Hoje já são mais de 500 mil motoristas parceiros no Brasil que geram renda para si mesmos e suas famílias ao toque de um botão usando a plataforma da Uber. Esses parceiros são empreendedores que escolhem usar a Uber porque, além da renda, buscam independência no seu dia a dia, ao invés de uma relação empregatícia de subordinação a uma empresa ou chefe. Como são independentes, os motoristas parceiros da Uber podem, por exemplo, recusar viagens, ou determinar quantas e quais horas querem trabalhar. Mais que isso, é importante ressaltar que não é a Uber que contrata os motoristas, mas os motoristas que contratam a Uber – eles escolhem usar o aplicativo, de forma não exclusiva, para encontrar usuários na sua região e fornecer seus serviços de transporte individual privado.
Além disso, os usuários pagam os motoristas por cada viagem, e o motorista paga à Uber para utilizar o aplicativo uma taxa de serviços de 25% (uberX) ou 20% (UberBlack) em relação às viagens realizadas. Ou seja, os motoristas parceiros usam a plataforma para benefícios individualizados, de forma independente e autônoma, de acordo com seu interesse e disponibilidade, – não existem taxas extras, diárias ou compromisso com horas trabalhadas – ele pode inclusive ficar meses sem se logar na plataforma, sem qualquer tipo de punição por parte da Uber”. Até a publicação desta matéria, em empresa 99 não retornou o contato.
(Colaborou Maisse Cunha)
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