Tarifas são desproporcionais ao percurso 

Antes visto como alternativa aos táxis convencionais pelo preço até 50% mais barato, a em , passou a ser vista com desconfiança por passageiros. O problema é a frequência do preço dinâmico – taxa que multiplica o valor das corridas -, e levou os usuários a questionar possível ‘jeitinho' para forçar tarifas mais caras.

A companhia norte americana começou a embarcar passageiros na Capital em setembro do ano passado, com preços consideravelmente mais baratos que os praticados pelos taxistas. A chamada custa R$ 2,50, e o quilômetro rodado foi fixado em R$ 1,10, além de um adicional de R$ 0,15 por minuto. Enquanto nos táxis, a bandeirada atualmente é de R$ 4,50, com exceção do aeroporto internacional, onde custa R$ 8,75. O quilômetro rodado na bandeira 1 é de R$ 2,80, e na bandeira 2, R$ 3,20.

Mas passados 9 meses, os valores não se mantiveram tão abaixo do mercado, e o preço passa a ser mais caro que as corridas de táxi – tornando os valores desproporcionais aos percursos. Para usuários, o preço abusivo pode esconder manobra dos motoristas, que teriam se habituado a desligar o aplicativo, e então ativa-lo e praticar corridas com preços maiores, pois neste intervalo, sugere-se que a demanda crescerá por falta de carros disponíveis. Segundo passageiros habituados a usar o aplicativo de caronas, as tarifas costumavam disparar em casos específicos, como finais de semana, horários de grande fluxo de pessoas e poucos motoristas, situação que passou a ser frequente até em horários considerados tranquilos.

Uma passageira, que preferiu não ser identificada, disse ter flagrado um motorista do aplicativo estacionado em frente ao aeroporto de Campo Grande, na área de embarque e desembarque, supostamente “ligando e desligando o aplicativo para forçar o preço mais alto”, e no alvo: o percurso ficou três vezes mais caro que o normal. “Quando solicitei percebi que o carro estava ali parado”, lembra. “Era um horário de pouco movimento, mas mesmo assim a corrida que sairia a R$ 10 estava a mais de R$ 30”, contou. 

Uma outra usuária afirmou ter pago mais cinco vezes mais do valor em tarifa dinâmica por uma corrida, “Paguei mais de R$40 numa corrida de R$ 12, é surreal”, disse. “Era para ser um serviço com preço justo, mas perdeu a linha”, criticou.  

Sobre o suposto ‘jeitinho brasileiro', a empresa salientou que os motoristas têm a opção de escolher quando estarão disponíveis na plataforma, mas nega que os aplicativos sejam desligados para forçar o preço dinâmico – que chega a ser três vezes mais caro. A companhia continuou dizendo que a que a plataforma atua em forma de algoritmos e que devido a tecnologia avançada, a estratégia para lucrar mais não é viável.  

A companhia exaltou ainda que os valores menos em conta são decorrentes a alta demanda da cidade, e que eles são de acordo com a movimentação da região. A empresa não quis informar a média passageiros transportados na Capital diariamente, e também não informou quantas pessoas estão habilitadas a dirigir pela Uber na cidade. 

Wellington, motorista da Uber na Capital, também negou que a medida tenha sido adotada pelos parceiros da empresa,  e disse acreditar que o aumento das corridas seja apenas resultado da alta demanda. “É impraticável porque quando o aplicativo for ligado, tudo volta ao normal”, analisou.