Após fugir de abrigo, cozinheira procura por irmãos que não vê há 27 anos
Infância dos irmãos foi marcada por violência e abandono
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Infância dos irmãos foi marcada por violência e abandono
Nascida em Dourados, em 1985, a cozinheira Adalgiza da Silva Souza teve uma infância conturbada e cheia de traumas. Mas a maior dor que ela carrega é a da separação dos irmãos, Robinson da Silva Souza, Gislaine da Silva Souza e Rodnei da Silva Souza. E hoje, aos 32 anos, ela busca informações sobre o paradeiro deles.
Dos tempos de criança, ela conta sobre as vezes que presenciou o padrasto batendo na mãe e do dia que ela saiu de casa com os quatro filhos, quando Adalgiza tinha 5 anos. “Me lembro da gente fugindo dele no meio da noite, por um campo de braquiária, onde maus pais trabalhavam. Andamos bastante, atravessamos um buraco por uma pinguela e dormimos na casa de uma mulher que não me lembro o nome. Seguimos viagem assim que o sol nasceu”, recorda a cozinheira.
A fuga acabou em Itaporã, cidade que fica 18 quilômetros distante de Dourados, o ponto de partida da família. E assim, a mãe de Adalgiza, dona Terezinha Fontoura da Silva, tentou recomeçar uma nova vida com os filhos. “Moramos em uma barraca de lona por uns dias até ela alugar duas peças para nós todos. Mas não demorou muito para ele nos encontrar e começar tudo de novo. Nos mudamos e ela teve que arrumar dois trabalhos para conseguir nos sustentar”, conta Adalgiza.
Por conta da jornada de trabalho excessiva, dona Terezinha precisou deixar as crianças no Lar Santa Rita de Cassia, em Dourados. “Funcionava como abrigo, ela nos deixava lá e nos pegava a cada 15 dias. Não me lembro por quanto tempo ficamos neste lugar”, lembra.
E foi neste lugar que começou, de fato, o pesadelo de Adalgiza. “Lá tinha crianças e adolescentes, os maiores ajudavam a cuidar dos menores. Na hora do banho a mulher que ficava lá, batia com a escova no nosso tornozelo todos os dias, dizendo que era para gente aprender a tomar banho direito, resumindo sofremos bastante. E para completar, como era meninas de um lado e meninos de outro, só via meus irmãos na hora das refeições”, conta.
Em pouco tempo, o padrasto de Adalgiza descobriu que as crianças estavam no abrigo e, conforme ela conta, ele conseguiu autorização do Conselho Tutelar para leva-las aos finas de semana para casa. “O inferno piorou. Nas primeiras vezes, foi uma maravilha, mas no outro mês que ele nos pegou, nos sujou com carvão, nos vestiu com roupas velhas, e nos colocou para mendigar junto com a filha da mulher dele, que tinha uns 14 anos. A gente tinha que trazer dinheiro para casa ou apanhava”, lembra a cozinheira.
Essa situação durou aproximadamente três meses, conforme conta Adalgiza, até o dia que ela encontrou uma estratégia para escapar das visitas à casa do padrasto. “Quando chegava na metade do caminho, eu dizia que queria fazer xixi. Não sei onde eu arrumava tanta velocidade para correr, mas eu voltava para o Lar e entrava igual doida, direto para a sala da diretora. Ela gostava muito de mim, ali eu chorava e voltava para meu pavilhão”, diz.
Mas esse esquema de Adalgiza não durou muito tempo. Ela se lembra que em pouco tempo o padrasto pediu a guarda dos enteados, alegando que a mãe das crianças não tinha condições de criar os filhos. “Ele alegou que minha mãe era solteira e nova para cuidar de nós, que não tinha casa própria. E não foi difícil o juiz que tomava conta do Lar dar a guarda a ele. Mas novamente eu fugi, até que me entregaram para a minha mãe”, conta.
Adalgiza ainda conta que depois de um tempo ele perdeu a guarda dos irmãos dela, que voltaram para o Lar. “Minha mãe tentou pegar a guarda deles novamente, mas não deixaram nem que ela visitasse eles, diziam que isso ela ia fazê-los sofrer mais ainda, pois ela não tinha condições de ficar com eles”, lembra.
Depois disso, Adalgiza perdeu o contato com os irmãos. “Não sei se eles foram para alguém da família do meu padrasto ou se foram adotados. Só sei que quero muito encontra-los, depois de 27 anos, e é o sonho da minha mãe”, afirma.
Adalgiza postou um clamor de ajuda nas redes sociais, pedindo para que se alguém tiver qualquer informação a respeito dos irmãos dela, que entre em contato pele telefone (67) 9885-3865. “Peço a vocês que compartilhem isto em seus grupos. Eu acredito que para Deus não é impossível e com ajuda eu vou chegar até eles”, finalizou.
Os nomes dos irmãos de Adalgiza são Robinson da Silva Souza, Gislaine da Silva Souza e Rodnei da Silva Souza, filhos de Terezinha Fontoura da Silva e José Carvalho de Souza.
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