Vale admite despejo de minério no Rio Paraguai, mas diz que foi ‘pontual’
Ibama fez vistoria nesta quarta-feira
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Ibama fez vistoria nesta quarta-feira
Após denúncia de despejo de minérios de ferro na plataforma da Vale, no Rio Paraguai, em Corumbá, a empresa informou que a ocorrência foi um “um desvio operacional pontual”, e que já foram tomadas medidas para evitar novas ocorrências. O Ibama de Mato Grosso do Sul informou que esteve nesta quarta-feira (23) fazendo vistoria na área do Porto Esperança.
A equipe de reportagem do Jornal Midiamax recebeu a denúncia de uma pessoa, que não quis se identificar, e viu a cena no fim do ano passado. “A empresa lava ali as plataformas. Não foi a primeira vez que eu vi a mancha vermelha. Nunca vi denúncia anterior, acho que é porque dali para baixo não existe ocupação humana”, disse.
A Vale informou que, segundo apuração interna, a foto da limpeza na plataforma não é do fim do ano passado, e que deve ter sido tirada entre 15 e 20 de maio de 2015, período em que foi realizada a “obra de melhoria das estruturas do cais para, entre outros benefícios, aumentar o nível de segurança”.
“A Vale ressalta que não compactua com esse tipo de atitude e que possui procedimento específico para a limpeza do cais, que inclui retirada do material para retorno à área operacional, sem projeção de minério no Rio Paraguai”, cita. Segundo a Vale, já foram tomadas todas as medidas necessárias para evitar novas ocorrências.
A empresa ainda informou que não há a geração de rejeitos no Porto Esperança, apenas a movimentação de minério de ferro, “que é um elemento inerte e não se biomagnifica, ou seja, não se acumula no organismo dos animais”.
Vistoria do Ibama
Um equipe do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) esteve hoje fazendo vistoria nas plataformas da mineradora Vale no Porto Esperança, em Corumbá.
“Motivado pelas reportagens a respeito da mortandade de peixes e vazamento de minério de ferro, uma equipe do núcleo de Emergência Ambiental do Ibama foi ao local para fazer uma vistoria e laudo de constatação para que sejam tomadas providências no âmbito do processo de licenciamento”, explicou a chefe da divisão técnica ambiental do Ibama de Mato Grosso do Sul, Joanice Lube Battilani.
Segundo ela, a área em que foi feito o flagrante, ‘transbordo, do trem para a barca’, está em fase de licenciamento. “Tem que ser analisado no âmbito do licenciamento porque o que foi feito é irregular, não é permitido”, explica. O laudo, segundo Ibama, deve ficar pronto nos próximos dias.
O Ibama esteve fiscalizando a situação das plataformas, e o laudo será feito por um geólogo. No entanto, segundo o órgão, não será feita a análise da água. “O ideal é fazer uma análise química da água, mas infelizmente o Ibama não faz. Uma instituição parceira podia auxiliar nisso, considerando que há um problema com a fauna naquele local”.
Outra denúncia
No dia 8 de março, a 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá abriu inquérito para investigar a situação das barragens da empresa. A decisão foi publicada com base em parecer do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) do ano passado.
Na mesma semana, equipe de reportagem do Jornal Midiamax publicou denúncia de um empresário do turismo sobre mortandade de peixes no Rio Paraguai devido a vazamento da empresa.
Segundo ele, o material tóxico das mineradoras está espalhado pelas ruas e estradas da região, e quando chove para nas águas do Rio Paraguai. “No mês passado, eu flagrei com os turistas vários peixes mortos no rio. Os turistas até ficaram chocados quando viram a cor da água. Vou falar que é tinta? Não, eu falo que é rejeito da mineradora. Eles me perguntam: não fazem nada? Eu digo não”, disse.
O Imasul e a empresa alegaram que a mortalidade de peixes foi devido a ‘decoada’, fato desmentido pelo empresário.Reginaldo Sucuri tem um blog onde faz as denúncias. No dia 21 de fevereiro, ele postou foto dos peixes mortos boiando no rio. No dia anterior, um jacaré foi flagrado, segundo ele “fugindo da lama tóxica que vazou dos sistemas de reservatórios das mineradoras da região”.
O empresário afirmou que são poucas as denúncias contra empresa. “O pessoal parece que fica cego e esquece dos rejeitos. A gente denuncia, e a empresa diz que é normal. Da onde? Eu não acho, e garanto que muitos não acham, mas têm medo de denunciar”, finaliza.
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