Sindicato e Mandetta defendem ruralistas: ‘índio já estava morto’
Corpo do índio passa por perícia em Antônio João
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Corpo do índio passa por perícia em Antônio João
O Sindicato Rural de Antônio João, distante 431 quilômetros de Campo Grande, informou neste domingo (30) que o índio Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, já estava morto há um dia e seu cadáver teria sido baleado após o confronto com proprietários rurais na Fazenda Fronteira, de propriedade da presidente do sindicato, Roseli Maria Ruiz.
A informação foi repassada por uma secretária, após dizer que Roseli estava em reunião. Momentos depois, outra mulher atendeu, afirmando que Roseli não estava na sede do Sindicato. Depois da reportagem tentar contato novamente, os telefones se encontravam desligados.
Pelo Facebook, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta confirmou que esteve no local do conflito e também afirma que o índio já estava morto. “Os proprietários entraram no peito e os índios saíram após uma batalha campal. (…) Só que o conflito migrou para outra sede e a troca de tiros rolou de ambos lados. (…) Ouviu-se um tiro numa mata a 800 metros e dez minutos depois os índios trouxeram um corpo que diziam ter sido alvejado. Me coloquei como médico e fui até o local. O cadáver de um homem já em rigidez cadavérica foi jogado na estrada. Fiquei ilhado entre eles. Após negociação consegui que o comandante da força nacional estabelecesse um espaço entre eles e sai de lá por volta das cinco horas”, dia um dos trechos do relato.
Mandetta não atendeu as ligações da equipe de reportagem. Segundo o boletim de ocorrência, os índios relataram que Semião estava bebendo água no córrego quando foi atingido. O corpo dele ainda passa por perícia para saber se ele já estava morto ou se ele morreu em decorrência dos disparos.
Confira o relato do deputado na íntegra:
“Meus caros , hoje o dia foi tenso por aqui. Fui chamado pelo Senador Moka e Deputada Tereza Cristina para uma reunião no sindicato rural de Antônio João em razão de propriedades invadidas por índios desde semana passada. Ao chegar, me deparei com uma reunião de duzentos produtores, a presidente do sindicato rural e proprietária de uma das fazendas pegou o microfone antes de qualquer pessoa, fez um desabafo sobre a situação de descrença nas autoridades e chamou a todos para irem a fazenda retomar a sede. Moka tentou falar e foi ignorado. Todos se levantaram e mais de cem veículos foram a fazenda. Moka e Tereza foram embora. Eu liguei ao Presidente Eduardo Cunha (que está em NY) e o informei que iria como parlamentar tentar mediar o conflito. Nenhuma força policial acompanhou. Chegando lá pedi calma e clamei por dialogo. Tive arma apontada na cabeça pelos índios até acalmá-los. Não tive sucesso por mais de uma hora. Os proprietários entraram no peito e os índios saíram após uma batalha campal. Consegui ligar para a casa civil e pedi a presença da segurança. Após duas horas chegou a força nacional. Só que o conflito migrou para outra sede e a troca de tiros rolou de ambos lados. Quando lá cheguei o clima era tenso mas controlado. Ouviu-se um tiro numa mata a 800 metros e dez minutos depois os índios trouxeram um corpo que diziam ter sido alvejado. Me coloquei como médico e fui até o local. O cadáver de um homem já em rigidez cadavérica foi jogado na estrada. Fiquei ilhado entre eles. Após negociação consegui que o comandante da força nacional estabelecesse um espaço entre eles e sai de lá por volta das cinco horas. Cheguei em casa agora. Gravei e narrei muitas cenas. O campo explodiu por aqui. Parece que a mensagem ficou clara: governo fraco, ONGs , CIMI ( igreja católica) , FUNAI, contra os proprietários, que estão em estado de resistência e vão se defender. Falta Ordem. Muito triste.”
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