Simulação deve testar se explosão causou ‘falso tremor de terra’ em Campo Grande
Pedreira é suspeita de ter causado ‘estrondo’ e vibrações
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Pedreira é suspeita de ter causado ‘estrondo’ e vibrações
Técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral tentam desvendar o mistério que envolve um ‘estrondo’ e suposto tremor sentido por moradores de diversas regiões de Campo Grande na última sexta-feira (19) por volta das 16h30. Na manhã desta segunda-feira (22) eles foram até a empresa de mineração Votorantim, na região noroeste da cidade, para avaliar a suspeita de que uma explosão no local tenha causado a vibração relatada.
Não houve nenhuma constatação conclusiva até o momento, mas uma simulação durante a semana deve testar se partiu de lá a onda de choque que teria sido sentida como ‘estrondo’ e tremor pela população.
No local, eles constataram que houve detonação de explosivos no horário do fenômeno. “Pela análise, ficou claro que a empresa fez explosões e que o barulho foi acima do costume, fazendo com que moradores dos arredores ouvissem, mas nada que possa ser considerado grave ou que colocasse em risco a população”, explica o superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral, Antonio Carlos Navarrete Sanches.
O superintendente ressaltou que haverá uma explosão acompanhada nesta semana. “Vamos fazer uma simulação, mas desta vez iremos colocar sensores de sismógrafo para saber como foi o tremor”, fala. Os equipamentos servem para saber a instabilidade que uma explosão desta pode causar.
Navarrete revela que o trabalho de fiscalização feito em pedreiras de Campo Grande ocorre a cada três e seis meses, dependendo da atividade. “O local já tinha passado por esta fiscalização e estava em ordem”, comenta.
O superintendente frisa que a punição para as empresas que descumprem as normas podem ser de multas, que ocorrem em casos leves, ou mesmo interdição, que é no caso considerado mais grave. “Aí sim, é aberto um processo administrativo, por conta do fechamento do local”, fala.
No caso da pedreira que fica em um local isolado, porém teve as atividades percebidas por populares, pode ser aplicada multa. “Na sexta-feira, o tempo mudou e uma nuvem específica pairou sobre a cidade, isso também pode ter colaborado com a propagação deste barulho e tremor, para isso precisamos analisar todos os detalhes que venham a surgir”, ressalta.
Hipóteses e susto
Não há registros de atividade sísmica e o Exército Brasileiro afirmou que não promoveu nenhum tipo de manobra ou teste que pudesse causar o abalo. A outra suspeita, de que explosão em uma pedreira teria causado a vibração, também é negada pelas empresas do setor.
Moradores de várias regiões da Capital relataram na sexta-feira (19) ter ouvido forte barulho de explosão seguido de tremor. Em alguns bairros houve registro até de que vidraças e portas teriam tremido logo após estrondo parecido a uma explosão ou trovão muito forte. Rapidamente a redação do Jornal Midiamax recebeu inúmeros relatos.
Nas redes sociais a informação se espalhou rapidamente e foram inúmeras as suspeitas levantadas para explicar o fenômeno.
No entanto, segundo dados do Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo), que tem quatro estações de monitoramento em Mato Grosso do Sul, não houve nenhum tremor ocorrido na tarde de sexta-feira (19) em Campo Grande.
O Exército, por sua vez, desconhece a ocorrência de qualquer manobra militar, como tiro de canhão, por exemplo, que pudesse provocar a sensação descrita pelas pessoas.
Sobrou a desconfiança de que explosão controlada em uma das pedreiras de Campo Grande seria a ‘culpada’ e, por isso, os técnicos estão realizando as diligências.
Dados disponibilizados pelo Centro de Sismologia da USP revelam que o último tremor registrado no Brasil foi às 16h58 de sexta-feira, em Conquista D’Oeste, município de Mato Grosso, distante 1,2 mil quilômetros de Campo Grande. O abalo na região foi de magnitude 2.7 na chamada Escala Regional Brasileira (mR).
O Centro de Sismologia da USP informa que tem estações em Aquidauana, Camapuã, Chapadão do Sul, Porto Murtinho e Sonora. De acordo com o boletim sísmico dos últimos três meses, o tremor mais forte registrado no Brasil, foi no dia 7 de maio em Porto Walter (AC) e atingiu 4.7 mR de intensidade.
Em Mato Grosso do Sul, os relatos mais recentes sobre abalos sísmicos remetem a 2009. Naquele ano, tremores de 4,8 de magnitude na escala Richter foram sentidos na região norte do Estado, em municípios como Coxim e Rio Verde.
O abalo sísmico com maior magnitude já registrado no Brasil foi de 6.6 e ocorreu em 1955, em Mato Grosso. A título de comparação, o terremoto no Nepal, em abril deste ano, no qual ao menos 8 mil pessoas morreram, além de 17,8 mil feridos, foi de 7,8 de magnitude na escala Richter. (Colaboraram Aline Machado, Waldemar Gonçalves, Diego Alves e Pedro Heiderich)
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