Na ruas, campo-grandenses admitem ‘corrupção do cotidiano’ entre brasileiros

Sociológo afirma que pequenas atitudes como furar fila são transgressões que são forma de corrupção

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Sociológo afirma que pequenas atitudes como furar fila são transgressões que são forma de corrupção

Furar fila, passar no sinal vermelho, estacionar em vagas para deficientes e idosos, atitudes praticadas por muitos no dia a dia, e que muitas vezes não são vistas como forma de corrupção. Mas o sociólogo Paulo Luca afirma que estes pequenos deslizes são uma forma de transgressão de regras, que leva à corrupção.

 “Pequenas regras transgredidas todos os dias, como por exemplo, a fila dupla em frente às escolas, é uma forma de corrupção, mas que não é vista dessa maneira por quem o faz, já que se tornou normal para muitos”, afirma Paulo Luca.

E quando questionados na rua se acham que em algum momento da vida foram corruptos, muitos acabam afirmando que já cometeram pequenas infrações, como é o caso da técnica de enfermagem, Geglielle Thais Silva, de 28 anos: “Já furei fila, já cometi atos assim, acho que todo mundo já fez isso alguma vez na vida. Mas infelizmente não vai mudar nada com os protestos, o que precisa fazer é uma reforma política”, fala a técnica de enfermagem.

“A gente transgrede sempre, já furei o semáforo porque estava muito tarde, do ponto de vista ético está errado. A corrupção acabou virando um câncer, arruma de um lado e bagunça o outro”, explica o engraxate Josias Oliveira. O consultor de vendas Julio César também acaba revelando que já praticou algum tipo de corrupção: “Já furei fila, este jeitinho brasileiro já está incrustrado na sociedade, é cultural do brasileiro, fazemos até de forma inconsciente. Eu luto todos os dias para tentar não ser corrupto”, diz Julio.

A dona de casa Leonor Coelho, de 60 anos, também fala que já cometeu infrações: “Já furei sinal vermelho. Acho que a maioria é corrupta, mas, os maiores corruptos são os políticos que têm o poder na mão e não deviam começar a cometer a corrupção”, fala Leonor. O taxista Weiny Santos, de 28 anos, diz entre risadas que já cometeu ‘atos de corrupção’: “O povo traz com ele este jeitinho brasileiro, já cometi infrações no trânsito”, explica o taxista, que ainda fala que não acredita que os protestos de domingo (15) irão surtir efeito em curto prazo, mas que talvez em longo prazo devam surtir efeito.

“É dificil reconhecer, mas sim, já pratiquei alguma transgressão. 90% do povo já praticou algum tipo de corrupção”, afirma Leopoldo Daminelli, gerente de uma loja. Já o aposentado Orácio Bernado, de 68 anos, ressalta que nunca praticou nenhum ato de corrupção “Respeito as regras para ser respeitado. E o povo brasileirto está sofrendo com os políticos”, fala Orácio. O taxista Pedro Gonçalves também afirma que já cometeu algum tipo de corrupção “Quero ver quem nunca fez, mas tem muita gente boa no meio”, diz o taxista.

Paulo ainda explica que toda esta crise vivida é consequência do não diálogo entre a população e os governantes eleitos pelo próprio povo. A corrupção está exacerbada no Governo Federal, mas o problema não é só em Brasília, e sim em várias prefeituras, governos de todo o País “A insatisfação é generalizada com toda classe política. As pessoas querem um governo honesto. Agora os políticos precisam fazer uma reflexão dos anseios da população”, fala o sociólogo.

Ele ainda faz uma análise sobre os protestos realizados em todo o País nesse domingo (15): “Todo protesto é saudável, a democracia hoje está mais amadurecida, mas o famoso jeitinho brasileiro é uma forma de complacência para a corrupção, e isto precisa ser mudado, já que a sociedade reflete a classe política no poder”, ressalta Paulo.

 

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