Com dois homicídios em 12 dias, criminalidade no Nova Lima atormenta moradores

A ausência de viaturas contribui para criminosos, segundo policial

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A ausência de viaturas contribui para criminosos, segundo policial

Entre diversas ocorrências de roubo, e dois homicídios registrados em menos de duas semanas, o Bairro Nova Lima, região norte de Campo Grande, vive, mais uma vez, o clima de medo instalado pela criminalidade, que atinge até mesmo os agentes da segurança pública em atuação na região. Segundo fontes policiais do Jornal Midiamax, o Pelotão da Polícia Militar que atende a localidade tem apenas uma viatura para o trabalho.

As ocorrências com mais incidência na região, de acordo com um policial que optou por não se identificar, são casos de homicídio, feminicídio, roubo e furto. Os fatos se confirmam com os números apresentados nos últimos 13 dias. Em 1º de novembro, Gutierre Brites Lima de 18 anos foi executado com três tiros na cabeça, na Rua Abrão Anache. Na última segunda feira (9), uma jovem de 18 anos, que estava em frente a casa do ex-padrasto também foi assassinada com três tiros. 

O que caracteriza a criminalidade na região, que estigmatiza o bairro há décadas, é o grande comércio de tráfico de drogas, segundo afirma o policial ouvido pela reportagem. Segundo ele, o bairro tem muita representatividade nos números de tráfico e é possível notar que os crimes estão ligados às negociações. 

Preocupados com índice de criminalidade da região, alguns moradores têm alterado a rotina para evitar “dar bobeira”. É o caso de um comerciante de 45 anos, que vem alternando o horário de funcionamento de sua loja na intenção de preservar a segurança. Ele afirma que mesmo em épocas de fim do ano em que as vendas são boas é preferível fechar mais cedo. “Minha preocupação maior é com minha segurança e a da loja, o lucro vem em segundo plano”, explica.

Outra moradora, uma aposentada de 63 anos, que vive no Nova Lima há 26 anos, afirma que ultimamente o lugar está mais perigoso e mal frequentado. “A gente sempre vê uma coisa ou outra acontecendo de ruim por aí, por isso eu procuro não sair de casa a qualquer horário. A gente não pode ficar se expondo muito”, afirma.

Vítima de furto na noite desta quarta-feira (11), um comerciante de 19 anos afirma que não consegue ver a presença da polícia no bairro, apesar do pelotão da Polícia Militar instalado na região. A loja de roupas, que é de seu tio, teve o cadeado arrombado e um notebook foi levado. De acordo com ele, “o susto serviu para reforçar a segurança do local, agora vamos pensar para os próximos dias a instalação de um alarme”.

O sentimento de insatisfação com o policiamento no local é compartilhado também por outro comerciante, de 50 anos. Ele afirma que os agentes não dão conta de atender a demanda da região. “Eles fazem o que podem, mas o número de efetivos e viaturas não dão conta de atender aqui. O que resta é cada um fazer sua parte e ficar atento sempre”. 

Policiamento insuficiente

A ausência de viaturas é um problema observado pelo funcionário como uma espécie de “contribuição” para criminosos. “Os crimes aumentam porque os autores sabem que não há efetivo e viaturas suficientes para alcançá-los, isso pode justificar o aumento de ocorrências na região do Nova Lima”, explica.

De acordo com presidente da ACS (Associação de Cabos e Soldados da PM e Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul), Edmar Soares da Silva, um levantamento realizado por ele, há 15 dias aponta que “a PM conta com 58 viaturas e apenas 30 espalhadas pelos diversos batalhões da Capital estão aptas a rodar, pois, o restante está estacionada na garagem por problemas mecânicos”, alega.

O governo de Mato Grosso do Sul deve disponibilizar nos próximos dias dez viaturas para fase de teste. “Cinco serão encaminhadas para o Choque e as outras serão distribuídas entre os batalhões. Os testes deverão ser de um a dois meses”, conforme explica o secretário Estadual Carlos Alberto de Assis em entrevista para ACS.

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