Crianças são encontradas depois de 27 dias desaparecidas na floresta amazônica

Desde o desaparecimento, homens do Corpo de Bombeiros faziam buscas pelas crianças

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Irmãos Glauco e Gleison Carvalho Ferreira
Irmãos Glauco e Gleison Carvalho Ferreira

Os irmãos Glauco e Gleison Carvalho Ferreira, de 7 e 9 anos, respectivamente, que estavam desaparecidos desde o dia 18 de fevereiro, foram encontrados nesta quinta-feira, 17. Os meninos, que vivem com a mãe na cidade de Manicoré (AM), a 380 quilômetros de Manaus, se perderam no meio da floresta amazônica, quando tentavam capturar pássaros.

Desde o desaparecimento, homens do Corpo de Bombeiros faziam buscas pelas crianças, e contavam inclusive com a ajuda de indígenas da comunidade Capanã Grande, uma das maiores da cidade, uma vez que os indígenas conhecem bem a região onde as crianças estavam perdidas. A dupla de irmãos foi encontrada por um morador que entrou na floresta para serrar árvores.

As crianças, que foram encontradas em situação de desnutrição, contaram à mãe que estavam comendo durante os dias de desaparecimento, uma fruta típica da região, chamada sorva. A informação foi confirmada pela mãe dos meninos, a diarista Rosinete da Silva Carvalho.

“Eu perguntei: ‘Meu filho, vocês não comeram nada?’. Ele me disse: ‘A gente comeu sorva, mãe’. Os meninos sempre comiam sorva porque meu filho mais velho pegava quando ia caçar, e sempre que via trazia uma saca para eles. Então eram acostumados com a sorva”, contou a mãe, em entrevista à Rede Amazônica.

A sorva é uma fruta pouco adocicada, com casca verde e bastante pequena. O fruto era bastante consumido por seringueiros que cortavam a mata amazônica em busca do látex e muitas vezes não levavam nada para a alimentação nos chamados varadouros – as trilhas no meio da floresta. A sorva tem alto teor de gordura e em razão do carboidrato que possui, é uma fonte de energia para o corpo.

Glauco e Gleison foram transferidos de Manicoré para Manaus em uma UTI Aérea, e estão internados em leito de UTI do Hospital da Criança. O estado de saúde delas é considerado “grave” segundo boletim médico emitido pelos médicos do hospital, contudo, o quadro está estável e os meninos seguem com dieta hipercalórica para que possam recuperar o peso ideal.

O pediatra Eugênio Tavares, que coordena a equipe médica que acompanha os irmãos, relatou em boletim que foram solicitados novos exames de sangue, urina e fezes, para avaliá-los novamente nesta sexta-feira, 18. “Faremos uma transição na alimentação, agora está sendo líquida, depois pastosa. Eles precisam ganhar pelo menos 50% do peso que perderam durante todo esse período, para poder voltar a Manicoré. Mas não há uma previsão certa para que isso aconteça, e até lá faremos o acompanhamento contínuo”, destacou.

Ainda que a transferência tenha ocorrido por meio aéreo de suporte intensivo, os dois irmãos não ficarão internados em uma UTI, mas em enfermaria com estrutura preparada especialmente para atender casos complexos como o de Glauco e Gleison. É o que explica a diretora do Hospital da Criança, Liege Menezes.

“Temos toda uma estrutura necessária para essas crianças. Não foi necessário serem admitidas na UTI. Vão ficar em leito de enfermaria, mas temos todos os especialistas necessários para que tenham uma excelente evolução e prognóstico. E esperamos que esse tratamento aconteça com todo sucesso”, afirmou a gestora.

A transferência dos dois irmãos só foi realizada após pedido, por ofício, do Ministério Público do Amazonas, que avaliou a situação dos meninos como grave e que, portanto, necessitavam de transferência com urgência para a capital, onde há maior estrutura de atendimento médico especializado.

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