No Estado de São Paulo, que tem as melhores coberturas do País com as duas doses, o número de registros de atrasados para o reforço ou de pessoas cuja a terceira dose ainda não foi anotada chega a 2,3 milhões entre os idosos acima de 60 anos e a 14,9 milhões na população de 18 a 59 anos de idade, segundo o boletim do Ministério da Saúde. Os dados são até 21 de fevereiro.

Ainda assim, o Estado conseguiu atingir 60% da cobertura com a dose de reforço na faixa etária dos idosos. Por meio de nota, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo informou que já aplicou 21 milhões de doses adicionais e reiterou “a importância da conclusão do esquema vacinal para garantir a proteção contra a covid-19”. A Prefeitura de São Paulo informou que a cobertura com a dose adicional está em 66,2% para a população acima de 18 anos.

Gestores e especialistas apontam que a redução na percepção de risco da população contribui para índices baixos de cobertura. Por outro lado, estratégias como busca ativa, campanhas e postos volantes, instalados em espaços públicos, ajudam a atingir os faltosos.

“A gente historicamente sabe que quanto mais doses se acrescenta à campanha, menor a taxa de cobertura. Para cada 100 que vêm fazer a primeira (dose), 90 vêm fazer a segunda e 75 vêm fazer terceira”, diz Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Na campanha da covid-19, no entanto, o abismo entre a procura da segunda e da terceira parece maior.

Fatores como a sensação de proteção da população, o medo de reação, e mudanças nas orientações sobre prazos entre as doses contribuem para a cobertura baixa com o reforço, segundo Kfouri. A boa notícia, diz ele, é que há uma janela de oportunidades já que os municípios têm hoje os nomes e telefones dos vacinados – e sabem quem já deveria ter retornado ao posto e não voltou.

No Espírito Santo, um dos Estados com o maior avanço na dose de reforço, a comunicação por SMS avisando sobre a data da vacinação será retomada para aumentar as taxas, principalmente entre os mais jovens. A cobertura com a terceira dose estava em 83,17% na terça-feira, 8, entre os maiores de 60 anos. O número é considerado bom pela secretaria de Saúde, mas ainda abaixo da meta de 90%.

Já na população capixaba mais jovem, de 18 a 59 anos, metade dos que já estão aptos a receber o reforço não voltou aos postos. Para Danielle Grillo, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, é preciso avançar no alcance da terceira dose no Estado, principalmente entre a população adulta. “Ela não tem mais a percepção de risco. O idoso ainda adere melhor ao esquema vacinal porque tem medo da covid.”

Além da estratégia de envio de SMS, o Estado manda aos municípios uma com os nomes dos faltosos e números de telefone de cada um deles, para ligações, e aplica vacinas em lugares de ampla circulação. Já o acesso a equipamentos públicos no Espírito Santo depende de comprovar que está com o esquema em dia – incluindo a dose de reforço.

Em São Paulo, o governo estadual diz apoiar a vacinação de reforço, com envio de mensagem via SMS e por e-mail para lembrar a data de retorno. Também incentiva os municípios a fazer a busca ativa dos faltosos e promover ações de divulgação.

Conforme o Estadão mostrou, os idosos voltaram a se destacar entre as principais vítimas da covid-19 mais de dois anos após o início da pandemia, indicando que uma quarta dose de imunizante pode ser fundamental para proteger essa faixa etária. Mato Grosso do Sul, por exemplo, já começou a aplicar a 4.ª injeção nos mais velhos e São Paulo prevê iniciar essa nova fase da campanha em abril.

Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que articula ações de incentivo à vacinação contra a covid-19, “considerando as características próprias de cada Estado e município”. A pasta também recomenda a busca ativa das pessoas para completar o esquema vacinal, “a fim de garantir a máxima proteção dos brasileiros, principalmente contra as novas variantes”.