Lula: ‘Por que não foi a Polícia Federal que prendeu Queiroz?’
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou há pouco sua conta no Twitter para questionar aos seus seguidores sobre a razão pela qual foi a Polícia Civil – e não a Federal – que se mobilizou para prender o ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, acusado de envolvimento em “rachadinha” com dinheiro […]
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou há pouco sua conta no Twitter para questionar aos seus seguidores sobre a razão pela qual foi a Polícia Civil – e não a Federal – que se mobilizou para prender o ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz, acusado de envolvimento em “rachadinha” com dinheiro público quando trabalhava para o filho do presidente Bolsonaro, na Alerj.
Há muito desaparecido, Queiroz foi encontrado na casa do advogado Frederick Wassef, que representa o senador Flávio Bolsonaro e o próprio presidente Bolsonaro no “sumiço” do ex-assessor e policial aposentado. Queiroz estava no imóvel havia um ano. Nesta manhã, o presidente iniciou uma reunião com seus ministros para falar do assunto.
Na esteira dos acontecimentos, Lula se disse “inquieto”, e lançou uma dúvida aos internautas: “Tem uma dúvida que me inquieta: por que não foi a Polícia Federal que prendeu o Queiroz? Ele já deveria ter sido preso há muito tempo. Diziam não saber onde ele tava e agora encontraram na casa do advogado do filho do Bolsonaro”, escreveu o petista.
Tem uma dúvida que me inquieta: por que não foi a Polícia Federal que prendeu o Queiroz? Ele já deveria ter sido preso há muito tempo. Diziam não saber onde ele tava e agora encontraram na casa do advogado do filho do Bolsonaro…
— Lula (@LulaOficial) June 18, 2020
Crise
O governo Bolsonaro se encontra em sucessivas crises em Brasília, principalmente depois da demissão do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que o acusou de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. De acordo com relatos da imprensa paulista, a corporação investiga os filhos do presidente por envolvimento em crimes de corrupção e disparo de notícias falsas contra políticos e decanos do Supremo Tribunal Federal (STF).
As acusações de Moro foram seguidas de mandados de busca e apreensão pela PF, que tiveram como alvo empresários, políticos e influenciadores bolsonaristas suspeitos de envolvimento no financiamento e disparo das fake news contra integrantes da Suprema Corte.
Nesta semana, também foram presos líderes do movimento bolsonarista 300 do Brasil, incluindo a ativista Sara Winter, que ameaçou trocar socos com o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito das Fake News.
Curiosamente, os sucessivos revezes contra a família Bolsonaro acontecem semanas depois da saída de Moro – o que deve explicar a ‘inquietude’ de Lula sobre o ‘timing’ das prisões, uma vez que Queiroz estava foragido na casa do advogado do próprio presidente. Enquanto Moro – desafeto de Lula – chefiava a pasta da Justiça, os inquéritos não andaram e Queiroz estava desparecido.
Tensão entre os Poderes
As acusações de Moro contra Bolsonaro inflamaram ainda mais as tensões entre os Três Poderes, em Brasília, após a divulgação de uma reunião ministerial no dia 22 de abril, em que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chama os decanos do Supremo de “vagabundos” e pediu prisão a eles.
A apuração do vídeo se deu no âmbito do inquérito que investiga as acusações de Moro contra Bolsonaro, de responsabilidade também de Alexandre de Moraes. Nas imagens, Bolsanaro reclama da falta de informação da PF e ameaça trocar ministros, citando que “iria interferir” e proteger família e amigos no Rio de Janeiro.
A tensão foi inflamada ainda pelo próprio presidente, que, ao lado de militares, participou de movimentos antidemocráticos que pediam pelo fechamento de instituições como o Supremo e o Congresso Nacional, além de intervenção militar.
Bolsonaro chocou a imprensa internacional ao formar aglomerações durante os atos, em plena pandemia de coronavírus, que matou mais de 46 mil pessoas apenas no Brasil. Nesta semana, houve uma escalada da violências nessas manifestações, e integrantes do grupo 300 do Brasil chegaram a simular um ataque armado contra as instalações do Supremo, usando fogos de artifício.
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