Agronegócio registra perdas e descartes de produtos por conta do coronavírus
O impacto da pandemia do coronavírus já está sendo sentido pelos produtores agrícolas brasileiros. O fechamento do comércio nos grandes centros urbanos, associado à dificuldade de exportação de produtos por vias aéreas estão entre os fatores que mais têm impactado negativamente o setor do agronegócio, que já registra perdas na produção e descartes de produtos […]
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O impacto da pandemia do coronavírus já está sendo sentido pelos produtores agrícolas brasileiros. O fechamento do comércio nos grandes centros urbanos, associado à dificuldade de exportação de produtos por vias aéreas estão entre os fatores que mais têm impactado negativamente o setor do agronegócio, que já registra perdas na produção e descartes de produtos no campo.
É o que revela um balanço da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com dados dos impactos do coronavírus no agronegócio no período de 23 a 27 de março. Segundo o documento, exportadores de frutas relatam uma suspensão drástica das vendas por via aérea, já que as exportações eram feitas basicamente em porões de voos de passageiro, os quais estão praticamente indisponíveis no momento.
As frutas partiam de diversas regiões do País para destinos como União Europeia, Estados Unidos e Emirados Árabes. No Brasil, o fechamento de restaurantes, bares e feiras livres reduziu significativamente a demanda por hortaliças, resultando no descarte de produtos que tiveram baixo desempenho nas vendas nas Centrais de Abastecimento. Nos principais centros consumidores, o preço do tomate caiu em média 37% em relação à semana passada, que já havia sido de baixa, segundo a CNA.
Algumas commodities agrícolas, no entanto, como soja, milho e café registraram valorizações na semana, “influenciadas pela demanda aquecida, estoques baixos e manutenção do câmbio alto”. Os preços do etanol se mantiveram estáveis, mas com tendência de baixa diante das perspectivas de queda no consumo e início da safra, destaca o boletim da CNA.
O documento da Confederação aponta que uma grande preocupação dos pecuaristas tem sido exatamente com os custos da ração, que já está 19% mais cara do que a média do mês de fevereiro. “Isso se deve às constantes valorizações do milho e da soja (componentes da ração) no mercado interno, influenciadas por demanda aquecida e valorização do dólar.”
A entidade avalia que, até o momento, os problemas enfrentados por esses setores têm sido principalmente o fechamento de lojas e revendas que fazem reposição de peças e equipamentos para maquinários agrícolas e o escoamento da produção. “Iniciativas regionais de impedimento do fluxo de caminhões ocorreram, mas já foram solucionadas”, pondera.
Já as indústrias lácteas anunciaram redução na coleta de leite, o que impactou, no campo, os produtores, que ficaram sem compradores. “Diferentemente, as grandes indústrias e cooperativas adotaram a estratégia de remanejar sua produção para UHT e leite em pó. Algumas indústrias do Rio Grande do Sul e Goiás que comercializam produtos lácteos para outros Estados apontaram dificuldades com o frete retorno”, diz o boletim da CNA.
O setor de floricultura, que gera mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos no País, também foi fortemente prejudicado nas duas últimas semanas. Segundo a entidade, houve “redução drástica das compras desses produtos”, o que teria resultado na perda, neste período, de R$ 297,7 milhões em faturamento para o segmento.
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