Suspeito de fraude, ex-ministro do Trabalho decide colaborar
Afastado do Ministério do Trabalho por suspeita de integrar esquema de corrupção e fraudes para liberação de registros sindicais, o ex-ministro Helton Yomura decidiu colaborar com a Operação Registro Espúrio. Na segunda (16), ele e seus advogados procuraram a Procuradoria-Geral da República e se propuseram a entregar voluntariamente informações e documentos sobre os processos al…
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Afastado do Ministério do Trabalho por suspeita de integrar esquema de corrupção e fraudes para liberação de registros sindicais, o ex-ministro Helton Yomura decidiu colaborar com a Operação Registro Espúrio.
Na segunda (16), ele e seus advogados procuraram a Procuradoria-Geral da República e se propuseram a entregar voluntariamente informações e documentos sobre os processos alvo da apuração.
A aproximação com os investigadores busca evitar novas medidas cautelares contra o ex-ministro, como uma ordem de prisão, e, mais adiante, eventual denúncia. No último dia 5, ele foi suspenso de suas funções e proibido de ter contato com outros investigados e servidores da pasta. Horas depois, pediu demissão.
Interlocutores do ex-ministro negam que a iniciativa vise a uma delação premiada, justificando que ele não tem crimes a confessar. Mas admitem que a colaboração tem potencial para implicar as cúpulas do PTB, partido ao qual é ligado, e do Solidariedade. As duas siglas controlavam o Ministério do Trabalho.
As tratativas com a PGR estão em fase inicial. Segundo relatos, os investigadores manifestaram interesse em mais detalhes sobre pedidos feitos pelo ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) no Trabalho.
A PGR informou que não se pronuncia sobre eventuais negociações de colaboração.
Como mostrou a Folha de S.Paulo no sábado (14), a Polícia Federal sustenta que integrantes da pasta fraudavam processos de registro sindical para beneficiar, por solicitação do ministro, entidades de Mato Grosso do Sul, sua base eleitoral. Marun nega.
Caso as negociações prosperem, Yomura também poderá falar sobre demandas de outros políticos com trânsito na pasta.
Ele é próximo do presidente do PTB, Roberto Jefferson, e da filha dele, deputada federal Cristiane Brasil (RJ), que o indicaram para a chefia do ministério após a fracassada tentativa de emplacar a congressista no cargo.
Com base no teor de mensagens interceptadas, a PF acusa Yomura de atuar como fantoche de Cristiane e do pai, atendendo a pedidos de manipulação de processos no ministério e de nomeação de servidores alinhados com o suposto esquema.
A operação também mira o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP), líder da Força Sindical; os também deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Wilson Filho (PTB-PB) e Nelson Marquezelli (PTB-SP), além do suplente de deputado Ademir Camilo (MDB-MG). Todos negam ilicitudes.
Ao acenar para a PGR, Yomura se antecipa a eventuais lances da Registro Espúrio, que agora aprofunda as investigações sobre o papel do ex-ministro na organização sob suspeita.
A aproximação com os investigadores é também um recado aos líderes do PTB para que, com o avanço das apurações, não o abandonem. No dia em que a operação foi deflagrada, enquanto o Planalto ainda hesitava sobre o que fazer com o ministro recém-afastado, Jefferson colocou o ministério à disposição de Michel Temer.
A defesa de Yomura não se manifestou.
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