Boca de urna persiste em era das redes sociais

Na nona eleição presidencial após a redemocratização, em plena era da comunicação instantânea por celulares, por meio das redes sociais, a campanha de boca de urna é intensa no dia da votação. A prática é ilegal. Segundo o Ministério da Segurança Pública, no primeiro turno, houve 1.372 flagrantes desse tipo de crime eleitoral. Pelos dados […]

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Na nona eleição presidencial após a redemocratização, em plena era da comunicação instantânea por celulares, por meio das redes sociais, a campanha de boca de urna é intensa no dia da votação. A prática é ilegal. Segundo o Ministério da Segurança Pública, no primeiro turno, houve 1.372 flagrantes desse tipo de crime eleitoral.

Pelos dados do ministério, foram registradas 247 ocorrências de propaganda eleitoral irregular e 51 casos de distribuição de material irregular de campanha. No total, 523 cabos eleitorais chegaram a ser detidos por causa desses crimes e de outros flagrantes.

O assédio aos eleitores e a propaganda política próximos aos locais de votação são proibidos pela Justiça Eleitoral (Art. 81 da Resolução nº 23.551/2017).

No entanto, a prática é muito comum para tentar obter o voto de eleitores indecisos ou desinformados sobre os candidatos.

Fora do controle

De acordo com a cientista política Helcimara Teles, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), “é muito difícil controlar” a boca de urna. Segundo a especialista, disputas acirradas tendem a aumentar os casos.

O cientista político Márcio Malta, da Universidade Federal Fluminense (UFF), concorda que “é muito difícil de fiscalizar” a boca de urna em todos acessos às seções eleitorais.

À Agência Brasil, Márcio Malta disse que já trabalhou como mesário em Niterói (RJ) e percebeu que “muita gente acaba sendo influenciada” por “santinhos de candidato, que recebe ou até pega no chão”. “Não são poucos os eleitores que chegam para votar indecisos e que consultam às listas de nomes da Justiça Eleitoral para fazer escolha na hora”, acrescentou.

Influências

Pesquisas indicam que, em pleitos passados, 10% dos eleitores tomaram posição na última hora – percentual significativo especialmente nas disputas mais equilibradas como ocorre em alguns estados.

Para Malco Camargos, cientista político da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), a cada eleição, vem diminuindo os casos de boca de urna. Segundo ele, esta é a campanha eleitoral “com menor uso de papeis”.

O especialista lembra que a campanha eleitoral, encerrada na última sexta-feira (26) no rádio e na televisão, continua em comunicações pessoais nas redes sociais e aplicativos, como Whatsapp, que poderão ser usados para tentar convencer até o último minuto antes do voto. “[A legislação proíbe no dia da votação] a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações de internet [pelos candidatos]”, explica o especialista.

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