Para identificar irregularidades, Janot pedirá à Suíça que investigue aliado de Serra

Pagamentos relacionados à campanha de 2010

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Pagamentos relacionados à campanha de 2010

Com o objetivo de tentar identificar irregularidades em pagamentos relacionados à campanha do PSDB, o MPF (Ministério Público Federal) pedirá investigação e bloqueio, às autoridades suíças, dos bens de Ronaldo Cezar Coelho, ex-deputado que atuou na campanha presidencial de 2010, do atual ministro das Relações Exteriores, José Serra.

Segundo informações do Estadão, o assunto seria discutido na reunião que ocorreria no dia 20 entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o chefe do Ministério Público suíço, Michael Lauber, mas a reunião foi adiada em razão da morte do ministro Teori Zavascki, no dia anterior.

Funcionários da Odebrecht citaram Serra como receptor de R$ 23 milhões para campanha presidencial de 2010, repassados via caixa 2. Parte dos recursos teria sido transferida por meio de uma conta na Suíça, ainda de acordo com o Estadão.

O ex-deputado, Cezar Coelho teria admitido por meio do advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira, que recebeu recursos do PSDB em uma conta na Suíça, mas seria ressarcimento por gastos que ele teve na campanha, da qual foi coordenador político.

Conforme publicado no Estadão, advogado teria dito que o dinheiro depositado no exterior foi regularizado pelo empresário por meio do programa de repatriação de ativos, criado no início do ano passado para permitir que donos de recursos não declarados fora do Brasil pudessem informar ao Banco Central sem serem acusados de crimes financeiros.

Após pagar as multas e impostos previstos, o ex-deputado, porém, optou por manter os recursos no país europeu, o que é uma das possibilidades admitidas pela lei.

“É preciso que se tenha presente que os recursos da conta bancária na Suíça foram devidamente regularizados no Brasil e são fruto de suas atividades empresariais e do ressarcimento do PSDB em razão de despesas arcadas por Ronaldo Cézar Coelho durante a campanha em 2009 e 2010”, disse Mariz. “Qualquer investigação apenas e tão somente irá verificar a veracidade do que já foi por ele declarado”, afirmou o criminalista.

Lavagem

Na avaliação do Ministério Público Federal, ao aderir ao programa de repatriação, Cezar Coelho pode ter escapado do crime de sonegação fiscal e evasão de divisas, mas não das suspeitas de lavagem de dinheiro. Por isso, procuradores querem agora que a Suíça abra uma investigação e peça aos bancos envolvidos nas contas do ex-deputado os extratos para avaliar de quem recebeu e, eventualmente, a quem pagou.

Fontes de alto escalão próximas ao caso confirmaram que a suspeita é de que parte do dinheiro pode ter sido usada para alimentar a campanha de Serra nas eleições de 2010.

Defesa

Por meio de nota, Serra afirmou que as finanças de suas campanhas estavam sob responsabilidade do partido.

“O ministro José Serra não tem conhecimento de nenhuma informação sobre suposto pedido da Procuradoria-Geral da República às autoridades suíças. Todas as campanhas de José Serra foram conduzidas nos termos da legislação em vigor com as finanças sob a responsabilidade do partido.”

Questionado, o Ministério Público suíço se recusou a dar informações à reportagem se já abriu inquérito em relação ao ex-deputado Cezar Coelho.

“O escritório do procurador-geral da Suíça não está em uma posição de revelar qualquer tipo de informação relacionada a pessoas possivelmente ligadas a processos criminais”, respondeu o MP suíço.

 

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