Ministro diz que universidades públicas precisam ter mais alunos pobres
‘Brasil perde espaço quando o tema é competitividade’
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‘Brasil perde espaço quando o tema é competitividade’
O ministro da Educação, José Mendonça Bezerra Filho, disse que o maior desafio educacional no Brasil é a qualidade do ensino. Para o ministro, melhorar a qualidade da educação básica é um dever imediato, não apenas no campo das políticas sociais, mas na perspectiva do desenvolvimento econômico, uma vez que o Brasil perde espaço quando o tema é competitividade.
“Apesar de muito ter se falado sobre o tema nos governos anteriores, não há dúvida de que a educação brasileira, hoje, é uma tragédia humana de dimensões incalculáveis no futuro das nossas crianças e jovens”, afirmou, durante a cerimônia em que recebeu o prêmio Fernando Azevedo – O Educador do Ano, no Teatro da Fundação Cesgranrio, no Rio Comprido, região central da capital fluminense. A premiação é concedida pela Academia Brasileira de Educação (ABE).
Antes da cerimônia, em entrevista à Agência Brasil, o ministro comentou que o Brasil tem um bom padrão de ensino superior público e também há instituições privadas em excelente qualidade, mas é preciso buscar avanços mais significativos, porque ainda não se consegue alcançar o patamar global que se vê na Europa, na América do Norte e na Ásia.
Outro fator que é preciso ser avaliado, na visão dele, é maior participação de alunos de renda mais baixa em instituições públicas que, geralmente, recebem estudantes de condições financeiras mais elevadas porque tiveram um nível de ensino anterior de melhor qualidade. “Isso, de certo modo, é também uma distorção. Quero alunos mais pobres cursando universidades públicas, para que eles possam ter cada vez mais oportunidades nas suas vidas”, afirmou.
Reforma do ensino
Segundo Mendonça Filho, o Brasil não pode assistir passivamente às eternas discussões no campo da educação. Lembrou que, quando foi convidado pelo presidente Michel Temer, em maio de 2016, para assumir o cargo, os diagnósticos ruins eram abundantes e, por isso, era preciso agir rápido para mudar essa realidade. De lá para cá, de acordo com o ministro, foram tiradas do papel ações como a reforma do ensino médio, que tinha sido discutida há mais de 20 anos sem chegar a lugar algum.
“É preciso agir, fazer acontecer, corrigir rumos. Com essa diretriz, a nossa gestão está promovendo ações estruturantes, como a reforma no ensino médio, mudança fundamental que deixa o currículo flexível, articulando com o ensino técnico profissionalizante e ao mesmo tempo facultando ao jovem o famoso protagonismo juvenil”, disse.
O ministro destacou a política de indução das escolas em tempo integral, que vai ampliar as matrículas neste período escolar, pela primeira vez, com apoio do MEC. Contou que, das 8 milhões de matrículas no ensino médio em todo o país, apenas cerca de 300 mil são em educação em tempo integral. “Estamos assegurando, com investimento de R$ 1,5 bilhão, o incremento em torno de 500 mil matrículas em três anos”, afirmou.
“Enquanto a educação não for uma agenda da sociedade brasileira, não alcançaremos as mudanças profundas e necessárias. Em um Brasil dividido por divergências políticas e ideológicas, defendo que a educação deve ser o grande vetor de convergência nacional”, afirmou.
Mendonça ofereceu o prêmio à sua equipe no ministério, que, segundo ele, conta com educadores e educadoras com nível de comprometimento necessário para atingir o avanço da educação brasileira. “Esse prêmio é nosso é de todos os que fazem o Ministério da Educação”.
O presidente da Academia Brasileira da Educação, professor Carlos Alberto Serpa, informou que a escolha do ministro para o prêmio foi unânime. Para ele, é um reconhecimento a uma pessoa que, desde o início da vida pública, aos 20 anos, se dedicou à educação brasileira. “Desde cedo, aprendeu que a educação é vital para um país, e dedicou a sua vida à juventude. Seu belo trabalho em Pernambuco fez com que o estado hoje seja um dos mais avançados do país em qualidade educacional”, revelou.
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