Samarco pagará até R$12 bi por desastre em Mariana; ações da Vale têm forte alta
Ações fecharam o dia com alta de mais de 8%
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A mineradora Samarco e suas controladoras, a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, apontaram pagamentos de até cerca de 12 bilhões de reais em reparações e compensações pelo desastre causado pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana (MG), valores bem abaixo dos divulgados pelo governo nesta quarta-feira, quando foi assinado um acordo entre as partes.
As ações da Vale, que entraram em leilão durante a divulgação do acordo, fecharam em alta de mais 8 por cento, no caso das preferenciais, enquanto as ordinárias subiram 11 por cento, diante de valores de indenizações bem menores do que os estimados inicialmente, de cerca de 20 bilhões de reais.
Mais cedo, documentos divulgados pelo governo indicaram erroneamente que as reparações e compensações poderiam superar 24 bilhões de reais. Autoridades em Brasília tiveram dificuldades de explicar a jornalistas as divergências entre os valores informados pelo governo e o exposto pelas empresas.
Após muitos questionamentos, a presidente do órgão ambiental Ibama, Marilene Ramos, disse que o valor de 24 bilhões de reais colocado em um comunicado do governo continha uma incorreção, por indicar de forma errada que um valor de 4,1 bilhões de reais deveria ser somado aos 20 bilhões previstos pelo governo.
Na verdade, o montante citado já estava incluído nos 20 bilhões de reais, disse Marilene. Ainda assim, a cifra difere dos valores informados pelas mineradoras.
“Não se fixem pelos 20 bilhões de reais. Quando nós apontamos uma execução, nós apontamos uma perspectiva de investimento nessas ações… Não é que está garantido 20 bilhões, o que está garantindo são as ações”, disse em entrevista coletiva o advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, de saída do governo.
Um comunicado da Presidência da República, após o evento, sustentou que em dez anos serão “investidos” cerca de 20 bilhões de reais para recuperar o Rio Doce, afetado pelo derramamento de lama da barragem da Samarco, no pior desastre ambiental do país, que matou ao menos 17 pessoas em novembro do ano passado.
Já a Vale informou em comunicado que os valores do acordo poderão variar de 9,5 bilhões a 11,9 bilhões de reais, com pagamentos assumidos integralmente pela Samarco.
A Samarco pagará 2 bilhões em 2016, 1,2 bilhão de reais em 2017 e 1,2 bilhão de reais em 2018, informou a Vale.
A Vale disse ainda que de 2019 a 2021 as contribuições anuais da Samarco a uma fundação criada para gerir os recursos ficarão entre 800 milhões de reais e 1,6 bilhão de reais. A esses valores vão se somar, cerca de 2,2 bilhões de reais em projetos de reparação e outros 500 milhões de reais para investimentos em saneamento básico nas regiões afetadas.
Analistas de bancos destacaram em relatório que o acordo foi positivo para as empresas.
“A Vale informou que a Samarco e suas acionistas (Vale/BHP) fecharam um acordo de 15 anos com o governo relacionado ao rompimento da barragem da Samarco. Considerando alguns temores anteriores do mercado, o acordo parece positivo para todos os envolvidos, e nós louvamos os esforços da Vale de buscar um acordo com o governo (e não uma disputa judicial)”, disse o BTG Pactual em relatório a clientes.
Questionado pela Reuters sobre os valores totais, o diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho, evitou fazer uma estimativa, preferindo se ater aos comunicados das companhias. Ele ponderou, no entanto, que os valores poderão variar ao final dependendo de estudos complementares sobre as medidas que serão empenhadas.
SAMARCO CONTA COM RETOMADA
A mineradora Vale disse nesta quarta que tem expectativa de que a Samarco reinicie suas operações para poder arcar com todo ou parte substancial do montante necessário para cobrir os desembolsos bilionários previstos no acordo com o governo federal.
Essa posição foi ressaltada também pelo presidente da própria Samarco, que conta com a retomada das operações no futuro para obter recursos, ainda que o licenciamento da Samarco esteja suspenso.
“O que a gente tem em caixa hoje é suficiente para a gente arcar com os compromissos de 2016. De 2017 para frente, nosso plano é, com o retorno da operação, fazer frente a esses compromissos”, disse Carvalho.
Caso a Samarco não cumpra suas obrigações, a Vale e a BHP Billiton Brasil serão responsáveis na proporção de suas participações na sociedade, de 50 por cento cada, disse a Vale em nota, acrescentando que o prazo e o escopo do recomeço da atividade da Samarco ainda permanecem incertos.
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