Parentes de jovens encontrados mortos em SP dizem ser perseguidos pela PM

Denúncia foi protocolada pelo MPE-SP

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Denúncia foi protocolada pelo MPE-SP

Em São Paulo, a tese de envolvimento de policiais militares no caso dos cinco jovens encontrados mortos em Mogi das Cruzes no último domingo (6) vem ganhando força com denúncias de parentes, que estariam sendo perseguidos pelos policiais.

Um garoto de 13 anos, parente de uma das vítimas, contou ao Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) que teria sido cercado e ameaçado por policiais militares durante cerca de quatro horas, no fim de tarde da segunda-feira (7), um dia após os corpos terem sido encontrados.

A criança contou que os policiais ameaçaram atirar e enconstaram um revólver da corporação em sua cintura. O parente da vítima explicou que tinha saído do Centro para Crianças e Adolescentes do Jardim Rodolfo Pirani, quando policiais em uma viatura frearam bruscamente e impediram seu retorno para casa.

Um dos policiais teria ameaçado atirar caso ele não parasse. O garoto teve um celular confiscado pelos policiais, que pediram que ele desbloqueasse o aparelho e encontraram imagem de uma das vítimas da chavina na galeria de fotos.

O jovem disse que quando os policiais encontraram as imagens, um deles perguntou “ah, então você é parente do desaparecido. Você sabe o que está acontecendo com ele? Conta como foi? Você sabe quem matou? Você sabe quem matou?”.

Após ter sido questionada, com um revólver encostando em sua cintura, se faria transporte de drogas na região, a criança disse que os policiais tentaram conduzí-la até uma viela do bairro, até que uma tia do jovem interveio.

Um ofício foi encaminhado pelo Ministério Público Estadual de São Paulo contendo essas informações à Secretaria de Segurança Pública e à Corregedoria da Polícia Militar.

Ainda no domingo, outro familiar da vítima relatou que foi parada por motos e um carro celta cinza descaracterizados, e questionado pelo seu celular. Quando os intimidades encontraram fotos de uma das vítimas da chacina, questionaram sobre o seu parentesco e disseram que o mesmo poderia acontecer com ele.

As suspeitas são de que uma “varredura” de celulares estaria sendo feita no bairro com o objetivo de encontrar quem mantém a gravação feita por uma das vítimas, o jovem Jonathan, que no dia do desaparecimento enviou um áudio para uma amiga pelo Whatsapp, dizendo que teria tomado um “enquadro” da polícia.

Em nota, a Secretara de Segurança Pública e a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo afirmaram aguardar o encaminhamento formal da denúncia para apurar as supostas irregularidades de maneira rigorosa.

Entenda o caso

Jones Ferreira Araújo, 30, Cesar Augusto Gomes, 19, Jonathan Moreira, 18, Cairque Henrique Machado, 18, e Robson Donato de Paula, 16, desapareceram todos juntos no dia 21 de outubro no Jardim Rodolfo Pirani, na zona oeste de São Paulo.

No domingo, seus corpos foram encontrados em uma zona rural de Mogi das Cruzes, em avançado estado de decomposição, cobertos com cal e enterrados em covas rasas.

Todos os corpos haviam recebido tiros, um deles estava sem a cabeça e outro tinha marcas nos pulsos que indicavam ter sido amarrado por algemas plásticas.

Próximo ao local onde os corpos foram localizados, foram encontradas cápsulas de pistola calibre.40, as mesmas utilizadas pela força policial de São Paulo.

As suspeitas do envolvimento de policiais milittares também são originárias do fato de que dois homens da corporação teriam pesquisado os antecedentes criminais de parte do grupo executado antes do desaparecimento em outubro. Esses policiais negaram ter feito as consultas no banco de dados da Polícia de Sâo Paulo.

Os jovens estavam se dirigindo a uma festa para encontrar amigas que teriam feito pelas redes sociais. Ao serem abordados, um dos jovens teria enviado uma mensagem para uma dessas amigas, dizendo “Ei, tio. Acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia tá me esculachando [sic]”.

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