Fênomeno Trump surgiu da insatisfação com políticos tradicionais, diz professor
Reta final
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Reta final
As eleições presidenciais dos Estados Unidos chegam à reta final. Na próxima terça-feira (8) os norte-americanos escolherão entre o empresário republicano Donald Trump e a ex-senadora e ex-secretária de Estado dos EUA, a democrata Hillary Clinton. Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Juliano da Silva Cortinhas, o candidato republicano tem tirado melhor proveito de um fenômeno bastante conhecido no país: a insatisfação com os políticos tradicionais.
“Donald Trump capitalizou muito isso em torno da figura dele, que não é um político tradicional de Washington. Esse descontentamento com o sistema político é um início interessante para que ele comece a ser ouvido pela população que pretende votar nele”, disse Cortinhas no programa Diálogo Brasil, da TV Brasil, exibido na noite de hoje (1º).
Para o professor, a postura e ideias conservadoras de Trump encontraram abrigo em vários eleitores do país. “Ele tem um apelo grande para uma parcela importante da população que enfatiza o porte de armas para sua segurança. Num ambiente tomado, desde 2001, por uma sensação constante de insegurança, isso tem conseguido um apelo grande no eleitor do Trump. E a forma como ele tratou a Hillary, acusando-a, fortemente. Existe uma boa parte do eleitorado que gosta de um candidato forte, que demonstra pela força as suas opiniões”.
A candidata democrata, por sua vez, começa a patinar nas pesquisas após reabertura de investigação sobre o envio de emails da conta pessoal dela com a suposta presença de informações classificadas como de uso restrito do governo. “O anúncio de reabertura [das investigações] impactou fortemente os eleitores nas pesquisas de opinião. Se ela vai conseguir combater isso e se sair melhor nas pesquisas até terça, ninguém sabe”, disse o cientista político norte-americano naturalizado brasileiro David Fleischer, também da UnB.
Ambos avaliam, contudo, que o resultado vai depender do comparecimento às urnas, uma vez que o voto não é obrigatório nos Estados Unidos e nenhum dos candidatos empolga muito. “Nenhum dos dois candidatos anima muito o eleitor. O eleitor do Trump é mais ‘lutador’, digamos assim, e o da Hillary é um pouco menos animado”, avaliou Cortinhas. “A grande tarefa dela é fazer com que esses jovens que não estão plenamente animados com sua campanha compareçam às urnas, mesmo que seja apenas com o intuito de derrotar Trump”.
Quanto às relações com o Brasil, Cortinhas diz que não são ideais, mas seriam de continuidade com Hillary e imprevisíveis com o republicano. Fleisher acrescenta que os Clinton têm relação próxima com o país, construída ainda nos mandatos do marido da candidata, Bill Clinton. Do ponto de vista do comércio bilateral, o cientista político e o professor de Relações Internacionais diz que a política norte-americana é pragmática.
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