Edital de cinema do BNDES vai financiar curtas de animação pela primeira vez

R$ 15 milhões do Banco Nacional 

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R$ 15 milhões do Banco Nacional 

A indústria cinematográfica vai dispor de R$ 15 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para este ano, em recursos não reembolsáveis. O valor está previsto no Edital de Cinema 2016, divulgado hoje (9) pela instituição com uma novidade: a inclusão de curtas-metragens de animação entre os projetos contemplados.

Nesta seleção, cinco curtas receberão R$ 200 mil cada. Desde 2005, o banco apoia a realização de curtas-metragens de animação e já beneficiou séries como Peixonauta, Amigãozão e Show da Luna,  que fizeram sucesso até fora do país.

De acordo com a chefe do Departamento de Economia da Cultura do BNDES, Luciane Gorgulho, o apoio ao curta de animação responde a uma demanda do setor. “A ideia é que esses curtas sirvam não só para descobrir novos talentos, como os que têm sido premiados internacionalmente, mas também contribuindo para a formação do animador, aprender fazendo e criando, a experimentação de personagens, de novas técnicas de narrativas, focando sempre no desenvolvimento de uma propriedade intelectual, própria e brasileira”, disse.

Para o autor do curta Meow, Marcos Magalhães, que prêmio especial do Juri no Festival de Cannes em 1982, o curta-metragem é um produto forte e relevante que hoje está mais atual do que nunca. “A gente tem essa multiplicidade de plataformas e o que o público quer são coisas curtas, que consigam resumir em poucos minutos uma mensagem. Acho que a gente ainda está no caminho de descobrir como se explora isso”, analisou.

O integrante da diretoria do Anima Mundi César Coelho disse que os investimentos vão permitir reforçar as produções fora do eixo Rio-São Paulo. “Esses curtas não só são possibilidades da descoberta de novos talentos e novas linguagens, mas também de descoberta de novos polos de produções locais. Esse edital vai ser um passo concreto em direção a isso”.

Projetos

Os longas-metragens de animação são contemplados pelo edital desde 2013 e este ano terão dois projetos selecionados, com R$ 1,5 milhão para cassa obra.

Os demais recursos do edital do BNDES serão liberados para 15 longas-metragens de ficção, documentário, coprodução com América Latina e em fase de finalização para qualquer categoria. As inscrições podem ser feitas a partir de quarta-feira (11) até o dia até 27 de junho. O edital está disponível no site do banco.

Entre as produções que receberam recursos do BNDES em editais anteriores e se destacaram no mercado internacional está o filme Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, que representará o Brasil no Festival de Cannes 2016. Para a chefe do Departamento de Economia da Cultura do banco, o bom desempenho das obras brasileiras no mercado externo tem reflexo importante no mercado interno com o desenvolvimento dos profissionais do setor. Em 21 anos, o edital apoiou mais de 400 filmes, em uma média de 19 obras por ano, com valor acumulado de R$ 182 milhões.

“Esse edital do BNDES tem sido ininterrupto ao longo desses anos independente de momentos econômicos e de situações de estrutura do banco. Tem longevidade e acho que isso contribuiu para a retomada do cinema brasileira e para a estabilidade”, disse Luciane.

O diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão (ABPITV), Mauro Garcia, disse que a manutenção de políticas públicas é fundamental para a evolução do setor. “Infelizmente no Brasil algumas políticas públicas são interrompidas. A gente vive alguns espasmos”, afirmou.

Desempenho do setor

Dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram quem, entre 2010 e 2015, as vendas de ingressos de cinema subiram 53%. Segundo Luciane Gorgulho, entre 2008 e 2013, o setor audiovisual brasileiro cresceu, em média, 8% ao ano contra 2,8% de alta nos outros setores da economia brasileira.

“Tem sido um setor que tem dotado a economia brasileira de um dinamismo neste segmento, podendo concretizar a profecia que fazíamos há alguns anos, do audiovisual se tornar um setor economicamente relevante no Brasil, não só culturalmente. Essa profecia está se cumprindo ano a ano”.

 

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