A perícia antropológica na Borda da Mata, local onde um indígena Guarani Kaiowá morreu em conflito com a Polícia Militar durante uma retomada, está marcada para o período entre 28 de junho e 1º de julho. 

De acordo com o despacho do MPF (Ministério Público Federal), assinado pelo procurador da República, Marcelo José da Silva, que determinou a requisição de informações aos órgãos e entidades direta e indiretamente envolvidos no conflito, a perícia deve ser realizada pelo analista em antropologia do MPF Marco Homero Ferreira Lima.

Ainda segundo o documento, o antropólogo deverá fazer o laudo antropológico sobre os conflitos entre indígenas e forças policiais e coletar elementos sobre eventuais violações de direitos (seja dos indígenas, seja dos policiais, seja de particulares não indígenas) acontecidas no lugar ou que lhe sejam correlatas ou conexas. 

Por fim, o procurador da república solicita ao Procurador-chefe da PR/MS, a disponibilização de viatura blindada para o supracitado deslocamento do perito em antropologia, “justificando-se tal pleito pelo alto grau de beligerância existente no local a ser periciado”.

Conflito termina com morte

O conflito entre indígenas da etnia Guarani Kaiowá e policiais do Batalhão de Choque, na última sexta-feira (24), terminou com a morte do indígena Vitor Fernandes, de 42 anos, no território Guapo'y, em , região sul de Mato Grosso do Sul. Pelo menos nove indígenas ficaram feridos. Três policiais militares tiveram ferimentos e foram atendidos no hospital da cidade.

O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, disse em entrevista coletiva que foram registradas reclamações de lideranças indígenas da aldeia de Amambai sobre indígenas que trabalham em roças de maconha no e que teriam ido para a aldeia tentar destituir a atual liderança devidamente eleita da aldeia. Com isso, a Polícia Militar foi acionada para atender crimes de competência do Estado: crimes contra o patrimônio e contra a vida. Após repercussão nacional e internacional, a Sejusp explicou a fala sobre narcotráfico entre indígenas

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), em nota, contrapôs a versão da ação policial, que supostamente teria ido ao local para atender a uma denúncia de tráfico de drogas. Em nota, o Cimi — que é ligado a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) — relata que: “A ação de despejo, sem mandado judicial e realizada por um grande contingente de policiais da tropa de choque da PM () de Amambai, resultou no assassinato de Vitor, indígena Guarani Kaiowá de 42 anos, e deixou pelo menos outros nove feridos por armas de fogo e projéteis de borracha, alguns com gravidade”.