Afastados do TCE-MS, Waldir e Iran se tornam réus em ação que pede devolução de R$ 100 milhões

Justiça aceita denúncia contra ex-presidentes da Corte por lavagem de capitais e fraude em licitação

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Waldir Neves e Iran Coelho se tornam réus acusados de fraude em contrato de R$ 100 milhões (Divulgação, TCE-MS)

Ex-presidentes do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), os conselheiros afastados Waldir Neves Barbosa e Iran Coelho das Neves se tornam réus em mais um processo de corrupção, acusados pelos crimes de lavagem de capitais e fraude em licitação.

Desta vez, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, aceitou denúncia do MPMS (Ministério Público de MS) em ação por improbidade administrativa que pede a devolução de R$ 100 milhões por fraude ao contrato com a empresa Dataeasy.

Vale ressaltar que Waldir e Iran estão afastados do cargo, juntamente com Ronaldo Chadid, desde dezembro de 2022, por corrupção, quando a PF (Polícia Federal) deflagrou a Operação Terceirização de Ouro. Desde então, os três também permanecem sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.

Assim, em decisão proferida na quinta-feira (30), o magistrado ressalta que depoimentos de testemunhas e a juntada de provas documentais reforçam os crimes citados. “Instruída referida peça com documentos que contém indícios suficientes da veracidade dos fatos“, destacou.

Então, admitiu a denúncia e determinou o trâmite da ação. “Citem-se os requeridos para apresentarem contestação no prazo comum de 30 dias“, determinou o juiz.

Operação Terceirização de Ouro, da Polícia Federal no TCE-MS (Arquivo, Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Além dos dois conselheiros afastados, também se tornaram réus o sobrinho – e assessor – de Waldir, Willian das Neves Barbosa Yoshimoto e o ex-diretor administrativo do TCE-MS, Parajara Moraes Alves Júnior. Veja os demais acusados:

  • Aben Keller Rodrigues Alves: representante da empresa Hepta, que teria apresentado cotações e proposta na licitação vencida pela Dataeasy.
  • Douglas Avedikian: ex-diretor de planejamento estratégico do órgão – exonerado em dezembro de 2024.
  • Marcelino de Almeida Menezes: assessor de Waldir.
  • Murilo Moura Alencar: empresário e sócio da Dataeasy.
  • Paulo Antonio Morandi de Queiroz: funcionário da Dataeasy.
  • Rafael Manella Martinelli: diretor da Redspark Technology, que atestou prestação de serviços da Dataeasy ao TCE-MS.
  • Ricardo da Costa Brockveld: diretor corporativo da Dataeasy.
  • Ricardo Murilo Pereira do Monte: empresário que participou do procedimento licitatório.
  • Rolando Moreira Lima Bonaccorsi: funcionário da Dataeasy.
  • Ronaldo Solon de Pontes Teixeira Pires: funcionário da Dataeasy.

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Conselheiros afastados do TCE-MS

Em 8 de dezembro de 2022, a PF deflagrou a Operação Terceirização de Ouro, um desdobramento da Mineração de Ouro, realizada em junho de 2021. Com apoio da Receita Federal e CGU (Controladoria-Geral da União), foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e mais quatro cidades brasileiras.

As investigações apontaram uso de pessoas jurídicas vinculadas à participação no certame para contratação de empresas com licitações fraudulentas. Assim, entre as estratégias utilizadas para vencer as licitações estava a agilidade na tramitação do procedimento.

Além de exigência de qualificação técnica desnecessária ao cumprimento do objeto. Por fim, faziam contratação conjunta de serviços completamente distintos em um mesmo certame e apresentação de atestado de capacidade técnica falsificado.

Um dos contratos investigados, com a Dataeasy Consultoria e Informática, supera R$ 100 mil. A corte suspendeu os pagamentos à empresa após a operação e, ao fim do termo, encerrou o vínculo.

Operação Casa de Ouro

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Mandados foram cumpridos em Campo Grande na Operação Casa de Ouro (Divulgação, Receita Federal)

Operação Casa de Ouro deflagrada no dia 10 de julho de 2024, em Campo Grande, mirava combater organização criminosa especializada em fraude de licitações e desvios de recursos públicos. Ação cumpriu 7 mandados de busca e apreensão na Capital em imóveis ligados a empresários.

A Operação foi deflagrada pela Polícia Federal, Receita Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal. A Operação Lama Asfáltica e as Operações Mineração e Terceirização de Ouro identificaram a organização criminosa.

Os mandados de busca e apreensão visam demonstrar a existência de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro. A PF busca a confirmação de transações imobiliárias ocultas, bem como movimentações financeiras envolvendo terceiros.

A Casa de Ouro trata-se da 3ª fase da Operação Mineração de Ouro, deflagrada em junho de 2021. Ela decorre das investigações para apurar a prática de corrupção e lavagem de dinheiro, com envolvimento de conselheiros do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado).

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