A jovem que se passou por estudante de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) se aproveitou das falhas de segurança do Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) para entrar na unidade. Ela chegou a participar de um parto e compartilhou isso nas redes sociais.
A história, digna de um roteiro da série de televisão Grey’s Anatomy, está sendo investigada pela PF (Polícia Federal). Acadêmicos do curso disseram ao Jornal Midiamax, sob a condição de anonimato, que o controle de entrada e saída não é rigoroso.
Em algumas entradas, há catracas e seguranças para conferir o cartão do estudante. No entanto, em algumas ocasiões, os profissionais nem sequer pedem o documento e qualquer pessoa pode entrar no Humap.
Há ainda portas que não têm fiscalização alguma. “Ela provavelmente entrou por uma parte que não tem catraca e se identificou como paciente, o que liberaria a entrada”, avaliou um estudante.
Assim, como a segurança não pede sempre para verificar o documento, outra estudante aponta que a jovem pode até ter se passado por acadêmica. “Ela entrou e falou que era acadêmica e a galera deu ok”, comentou.
Um ex-aluno de Odontologia disse à reportagem que a falta de segurança não é novidade. “Não me lembro de ninguém controlando. Não sei se algo mudou”, disse o profissional, que se graduou em 2019.
Em nota, o Humap informou que abriu investigação interna e já foram adotadas medidas, tanto administrativas quanto jurídicas, para proibir a entrada da jovem.
O Midiamax pediu esclarecimentos à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) — autarquia que administra os hospitais universitários do país. Em nota, o órgão informou que vai contratar segurança desarmada para o HU.
Leia a íntegra do comunicado:
O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), informa que possui controle de acesso para servidores, residentes, estagiários, terceirizados, pacientes e visitantes.
Desde junho de 2025, foi implantado um sistema de reconhecimento facial, com pré-cadastro obrigatório mediante apresentação de documentos, para todos que ingressam nas dependências do hospital, para reforçar a segurança na instituição.
Em relação ao caso recente, o hospital está apurando os fatos e tomou as medidas judiciais e administrativas cabíveis e reforçou seus protocolos internos de validação de vínculos acadêmicos e funcionais.
Também está em fase final a contratação de equipe de segurança desarmada, processo que já estava previsto e será incorporado às ações permanentes de fortalecimento da segurança e do controle de acesso.
Plantões e partos no HU
Uma aluna, que não quis se identificar, alegou que, mesmo sem o nome constar em editais de aprovação da universidade, ela estava frequentando o ambiente normalmente, como se estivesse devidamente matriculada.
Além disso, a suposta aluna também publicava em suas redes sociais sua rotina no curso, incluindo plantões no Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) e fotos de atendimentos ao lado de pacientes. “Ela foi vista no setor, além das redes sociais, participando ativamente”, diz.
Assim, em print feito nas redes sociais da jovem, ela teria publicado uma imagem ao lado de uma mulher e uma recém-nascida, afirmando que teria, supostamente, participado de um parto, durante um plantão que teria durado 12 horas.
Ainda conforme apurado pela reportagem, outros acadêmicos teriam flagrado a jovem frequentando diversas atividades no meio acadêmico, incluindo aulas.
Ao jornal, o Hospital Universitário informou que abriu investigação interna e adotou medidas administrativas, visando proibir a entrada da jovem nas dependências do hospital.
A reportagem também procurou a suposta acadêmica, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para futuras manifestações.
Família rica e prima de influenciadora digital
A jovem que frequentou o curso de Medicina sem estar matriculada na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) chegou a estudar Biologia até o início de 2025. Ela trancou a graduação antes de ir às aulas de um dos cursos mais concorridos da instituição, mesmo sem passar no vestibular.
Antes de abandonar os estudos, a então acadêmica fez estágio no Bioparque Pantanal. De família rica, de produtores rurais do Estado, ela ainda seria prima de uma influenciadora digital com quase um milhão de seguidores.
Segundo antigos colegas de turma, a acadêmica era ‘esnobe’ e usava o nome da família para ter acessos. “Estava sempre pontuando que os parentes eram ricos”, diz um dos relatos.
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***Reportagem atualizada às 8h59 de 26/06/2025 para acréscimo de informação
