A empresa Mil Tec Tecnologia da Informação venceu licitação de R$ 15,8 milhões para prestar serviços de sustentação ao sistema de gestão de dados da (Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul). O aviso foi publicado na edição desta quarta-feira (12) do DOE (Diário Oficial Eletrônico).

A Mil Tec é investigada na 6ª fase da Operação Lama Asfáltica, intitulada Computadores de Lama. As investigações da PF (Polícia Federal) se basearam nas remessas clandestinas de valores para o exterior feitas por proprietários de empresas de informática investigadas nas fases anteriores da operação. O dono da empresa, Antônio Celso Cortez, chegou a ser preso na época.

A única concorrente da Mil Tec no pregão era a E2 Soluções em Tecnologia. A empresa foi desclassificada por não apresentar documentação exigida no edital.

O preço pedido pela SED era de R$ 18,2 milhões. A Mil Tec venceu com proposta de R$ 15,8 milhões. A vencedora tem três dias úteis para dar prosseguimento no processo licitatório e as concorrentes têm cinco dias úteis para apresentar recurso.

Operação

Deflagrada em novembro de 2018, a Computadores de Lama cumpriu 29 mandados, sendo quatro de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão, além do sequestro de valores nas contas bancárias dos investigados e empresas investigadas. No total, R$ 22 milhões em bens foram bloqueados.

Foram presos preventivamente João Roberto Baird, dono da PSG Tecnologia Aplicada; e Antônio Celso Cortez, dono da Mil Tec. André Luiz Cance, ex-secretário-adjunto de estado de Fazenda, se entregou quase duas semanas depois.

A PF relatou que Baird, apontado como dono de um conglomerado de empresas de tecnologia em Mato Grosso do Sul, estava usando um ‘laranja' para enviar dinheiro ao exterior e para realizar transações de dólar-cabo.

Romilton Rodrigues da Silva era funcionário da ex-esposa de Baird e acabou tornando-se um dos seus principais laranjas após o início da Operação Lama Asfáltica, em 2015. De lá para cá, Baird tenta, segundo a PF, esquivar-se do esquema de recebimento e lavagem de propina para o ex-governador André Puccinelli (MDB).

As empresas apontadas pelas investigações que seriam de Baird somam, juntas, contratos de quase R$ 800 milhões com o governo entre os anos de 2012 e 2017. Baird teria usado Romilton para operações de dólar-cabo, um sistema paralelo que camuflava remessas de dinheiro do Brasil para o Paraguai, onde Baird e o laranja até compraram uma fazenda, e vice-versa.

No sistema, o dinheiro é entregue a um doleiro no país, que disponibiliza a quantia em uma conta no exterior, geralmente controlada por ele.

Na época, a PSG e a Mil Tec tinham R$ 88,9 milhões em contratos com o Governo do Estado. O governador (PSDB) disse na ocasião que os fatos investigados eram da gestão que o antecedeu. “Uma investigação que remete ao passado e não tem nada a ver com nosso setor de informática”, disse o governador.

Azambuja também relembrou que desde que assumiu o governo, as contratações para área de Tecnologia da Informação mudaram. “Até porque mudamos o perfil das contratações”, frisou.