Homônimo de ex-ditador argentino ganha na Justiça direito de mudar de nome
Cansado de ser associado ao ex-presidente militar argentino Jorge Rafael Videla, o funcionário público Jorge Rafael Videla, de 34 anos, ganhou na Justiça o direito de mudar de nome e passou a ser chamado de Jorge Videla Schiel. “Quando ainda estava na escola, meu pai tentou mudar meu nome, mas não conseguiu. Agora, eu consegui […]
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Cansado de ser associado ao ex-presidente militar argentino Jorge Rafael Videla, o funcionário público Jorge Rafael Videla, de 34 anos, ganhou na Justiça o direito de mudar de nome e passou a ser chamado de Jorge Videla Schiel.
“Quando ainda estava na escola, meu pai tentou mudar meu nome, mas não conseguiu. Agora, eu consegui e tirei um fantasma da minha vida. Tirei um peso”, disse ele em entrevista à BBC Brasil.
À frente de uma junta militar, o ex-presidente Jorge Videla liderou o país, com mão de ferro, entre 1976 e 1981. Foi um dos mais duros períodos do regime militar argentino, em que milhares de dissidentes políticos foram assassinados. Atualmente, Videla cumpre prisão perpétua por diferentes crimes cometidos durante seus anos no poder.
O general Videla era presidente de fato quando o então bebê nasceu em 1977, na localidade de La Carlota, no interior da província de Córdoba.
“Meu pai e o irmão dele fizeram uma aposta de que o primeiro a ser pai colocaria o nome do presidente. Na época, não se conheciam os horrores que ele (o então presidente) fazia”, disse.
Com o tempo e as informações sobre os crimes contra a humanidade cometidos na gestão militar, a situação do jovem Videla foi ficando mais difícil.
“Difícil na escola, difícil de conseguir emprego, difícil quando me via diante de uma pessoa que tinha sofrido as barbaridades daquele período. Muito complicado”, afirmou, por telefone.
Decisão
Ele decidiu insistir na Justiça mesmo após a morte do pai, que tinha o sobrenome Videla, e decidiu eliminar o nome Rafael e acrescentar o sobrenome da mãe, passando a ser chamado de Jorge Videla Schiel.
Na Argentina, o sobrenome da mãe fica por último, depois do sobrenome paterno.
“Minha família não tem nada a ver com política mas, com esse nome, nós éramos todos associados ao ex-presidente”, disse.
Quando perguntado se o nome também atrapalhava na hora de conseguir namoradas, ele respondeu que não.
“Não chegou a tanto, mas me causou muitos problemas. Era só mandar o currículo para uma empresa e ter a certeza de que seria recusado por causa do nome”, afirmou.
O advogado de Videla Schiel, Fiorenso Santiago Isoardi, disse que a Justiça levou em consideração os argumentos do rapaz e lhe deu parecer favorável no prazo de um ano.
“Entramos com a ação no início do ano passado, e a resposta saiu agora (fim da semana passada). Com isso, meu cliente não vai ter que explicar mais (aos curiosos) que não pensa como o ditador. Ele não tem nada a ver com o ditador, mas sofria demais porque tinha o mesmo nome”, disse Isoardi à BBC Brasil.
Segundo o advogado, empregadores podem ter desistido de contratar o rapaz porque eles também teriam que acabar dando satisfações para explicar que não eram simpatizantes do ex-líder argentino.
Atualmente, Videla, o ex-presidente, cumpre prisão perpétua por diferentes crimes cometidos durante o regime militar.
Outros cidadãos já sofreram drama como o de Jorgito Videla Schiel (como é agora chamado pelos amigos). Existem homônimos de Benito Mussolini e de Adolf Hitler, entre outros, em várias partes do mundo.
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