Novos prefeitos aproveitam ‘lua de mel’ para endurecer discurso

Ajuste fiscal dominou os discursos

De alguma forma, o ajuste fiscal passou a dominar os discursos de posse dos novos prefeitos. Tema que ficou de fora de boa parte das campanhas durante a disputa de 2016. O que se percebe é uma adequação do discurso à realidade encontrada nas prefeituras.

Com isso, boa parte das promessas campanha fica congelada por um determinado período. O maior exemplo disso é a fala do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que foi direto em seu discurso: “A ordem é: proibido gastar”.

Os novos prefeitos aproveitam o período de “lua de mel” com o eleitor para apresentar as medidas mais duras. Além de Crivella, esse mesmo tom passou a ser adotado por outros prefeitos como João Dória, em São Paulo, e Alexandre Kalil, em Belo Horizonte.

Certamente, com esse discurso mais realista, boa parte dos prefeitos teria encontrado dificuldade em suas campanhas. Esse desequilíbrio estrutural entre despesas e receitas se repete em quase todos os municípios.

A crise econômica no país trouxe um efeito colateral para a maioria das prefeituras: a queda na arrecadação. Isso ficou explicitado no gesto desesperado de prefeitos que encerravam seus mandatos e que corriam o risco de desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Num encontro com o presidente Michel Temer na última quinta-feira (29), representantes da Frente Nacional de Prefeitos foram em busca de uma solução que permitia o repasse, ainda em 2016, de aproximadamente R$ 5 bilhões em recursos da repatriação.

Depois de muita pressão, houve um aval do Tribunal de Contas da União para essa solução. O problema é que essa receita extraordinária não será suficiente para resolver o problema de boa parte das prefeituras.