Com mais acidentes, feridos esperam até mais de três dias por cirurgia na Santa Casa

Se sofrer um acidente já é algo ruim, a situação pode piorar em caso de traumas. É o que reclamam os pacientes e parentes de pacientes internados na Santa Casa da Capital que aguardam até 72 horas por cirurgia no único hospital que atende traumas de ortopedia. Esse é o caso de Ricardo Sobral Pinheiro […]

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Se sofrer um acidente já é algo ruim, a situação pode piorar em caso de traumas. É o que reclamam os pacientes e parentes de pacientes internados na Santa Casa da Capital que aguardam até 72 horas por cirurgia no único hospital que atende traumas de ortopedia.

Esse é o caso de Ricardo Sobral Pinheiro (24) que no dia 24 sofreu um acidente de moto e fraturou os pulsos. Segundo o irmão dele José Roberto Sobral Pinheiro, após o acidente ele foi levado para o posto de saúde que encaminhou o caso para a Santa Casa. “Mas desde então só falam que é para aguardar a cirurgia, e as mãos estão parencendo “pão de forma” conta ele.

José Roberto reclama ainda que no local há várias outras pessoas na mesma situação. “Tem muita gente sofrendo aguardando cirurgia e não aparece nenhum médico para falar nada. Meu irmão não foi visto pelo médico e ele está sem comer e sem beber água só no soro desde o dia que chegou. Falam que tem que estar de jejum porque se o médico chegar. Até entendo, mas demora tanto o paciente sofre”, lamenta ele.

Para ele a situação de pacientes aparentemente mais graves acaba abalando mais ainda. “Tem um outro rapaz que está sangrando pela boca e pelo nariz e que ficam os lençois sujos de sangue. E ficam todos esperando no pré-operatório da ortopedia. Um absurdo. Só falam que tem que aguardar o médico, e não sabe se está de férias, o que aconteceu, não foram conversar com nenhum dos pacientes”.

Agonia

Mais aliviado está o motorista Cristiano Barreto, que aguardou 72 horas até conseguir cirurgia. Vítima de um acidente de moto no domingo (22) ele foi encaminhado para a Santa Casa no início da tarde e ganhou de “presente de natal” a cirurgia.

“Só diziam para esperar, porque tinham muitos acidentes e tinham que atender pessoas que chegavam com quadro mais grave, só que vimos pessoas que tinham lesões menores e eram atendidas com mais agilidade. Teve dia de ficar mais de 24 horas sem comer e beber água pois falavam que a qualquer momento eu poderia ser chamado para a sala de cirurgia, mas é uma agonia você ficar com fome e com sede, e já está com dores”, conta ele.

Segundo Cristiano, que ainda está internado, durante o tempo que ficou aguardando a cirurgia várias outras pessoas também estavam na mesma situação. “Os corredores lotados, na terça (24) a médica me disse que eu era o sexto na fila de cirurgia e no mesmo local que eu estava tinha cerca de 20 acidentados também aguardando cirurgia”.

Números aumentam no final do ano

A assessoria confirma aproximadamente há 20 pessoas por dia aguardando cirurgia, e que o número aumenta nos finais de semana, feriados e no final do ano. Segundo as informações são vários acidentes diários e há médicos realizando cirurgias o tempo todo, mas por ser o único hospital que atende traumas, a demanda é maior.

De acordo com as informações da Santa Casa, na ordem de risco ficam em primeiro as fraturas expostas, fraturas de crânio e conforme avaliação médica que determina a gravidade. Em relação ao caso do paciente Ricardo Sobral a assessoria informou que há 15 pessoas na fila de cirurgia para esta sexta-feira e que se não entrarem casos de maior gravidade durante o dia, é provável que a cirurgia ocorra hoje mesmo.

Mensalmente são realizadas 1200 cirurgias ortopédicas na Santa Casa, a maioria acidentes de trânsito.

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