Familiares de presos reclamam de ‘créditos’ na cantina, falta de médicos e rebatem acesso à TV
Familiares de internos da Penitenciária Estadual de Regime Fechado da Gameleira, na Capital, protestam em frente à unidade, no KM 455 da Estrada da Gameleira, no final da manhã desta quinta-feira (18). Elas pedem melhora nos alimentos distribuídos aos presos, repasse dos créditos na cantina, utilizados como uma espécie de compra pelos detentos, e rebatem […]
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Familiares de internos da Penitenciária Estadual de Regime Fechado da Gameleira, na Capital, protestam em frente à unidade, no KM 455 da Estrada da Gameleira, no final da manhã desta quinta-feira (18). Elas pedem melhora nos alimentos distribuídos aos presos, repasse dos créditos na cantina, utilizados como uma espécie de compra pelos detentos, e rebatem o argumento da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) de que o protesto seria por acesso à aparelho de televisão nas celas.
Uma das principais reclamações dos familiares, esposa de um interno, que não será identificada, argumenta que o dinheiro liberado na cantina tem restrições e só pode ser depositado a cada 15 dias. “Tem quantidade de coisas que eles vendem lá para cada interno. Meu esposo está lá há seis meses, mas muitos passam de um ano”, explica. Ainda segundo ela, a vídeo chamada que seria realizada com as famílias às 11h de hoje, foi cancelada.
Também esposa de interno, de 34 anos, afirma que muitas delas colocam dinheiro na cantina e os presos não recebem. “Quando fazemos as vídeo-chamadas, eles nos comunicam que o dinheiro não está disponível. A greve de fome que estão fazendo é para que possam pagar a pena de maneira digna”, relata.
Ainda segundo ela, existe limitação no que pode ser conversado, por parte dos familiares. “As perguntas são, no geral, respondidas com “sim” ou “não”. Perguntamos “você recebeu o crédito na cantina?”, e eles só podem responder sim ou não”.
Outra esposa de interno, de 39 anos, alega que o dinheiro depositado como crédito demora meses para cair na “conta”. Além disso, a qualidade da comida é, segundo ela, motivo de protesto pelos detentos, que estão há quatro dias em greve de fome. “O máximo é R$ 500 de crédito, já levei o valor para familiares de fora da cidade, e só ficaram sabendo depois que o parente não recebeu. Colocamos em envelopes, assinamos uma ata com nosso RG, nome do interno e valor. Mesmo assim, se levo na primeira quarta-feira do mês, às vezes vai cair no mês seguinte ou até mesmo meses depois”, afirma.
“Uma cadeia inteira não iria fazer greve de fome de quatro dias por causa de televisão na cela”, afirma a esposa. Ela finaliza explicando que os detentos têm direito a “comprarem” com os créditos, bolacha, sucos e chocolates.
Esteticista de 39 anos e esposa de interno, afirma que as reivindicações vão além do acesso aos alimentos. “A gente pede porque eles estão até sem colchões, com roupa rasgada, só tem direito a enviarem uma carta à família por mês e a alimentação vem estragada”, afirma. Segundo ela, no último contato feito com o marido, ele se queixou que teve diarreia e vômito há cerca de um mês, e foi informado pelo setor de atendimento psicossocial, de que a unidade estaria sem médicos. “Falaram para mim que a nutricionista estava retornando para atender, mas que ia demorar um tempo por causa da demanda acumulada”, diz.
Ela é uma das familiares que rebate o posicionamento dado pela Agepen de que 150 dos 500 detentos estão fazendo greve de fome por acesso à televisão nas celas. Em nota, a instituição alegou que “somente parte do pavilhão 1 não pegou o jantar, na noite de quarta-feira (17). E também apenas uma parte dos presos não pegaram o café da manhã nesta quinta-feira (18)”.
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