Em meio à crise na Polícia Civil de MS, operações contra jogo do bicho continuam em Campo Grande

Duas últimas ações foram feitas em outubro e novembro

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Material apreendido nas ações
Material apreendido nas ações

Nesta quarta-feira (17), foi divulgado pela Polícia Civil um balanço das duas últimas fases da Operação ‘Deu Zebra’, somando ao todo sete ações em menos de três meses para recolher barracas do jogo do bicho. A última operação aconteceu em meio à crise após denúncias revelarem possível ligação entre o então delegado-geral Adriano Garcia Geraldo e o jogo do bicho.

Conforme a publicação, as ações aconteceram em todos os bairros de Campo Grande, única cidade alvo das operações Deu Zebra. Também atuam nas ações todas as delegacias. Na sexta fase, entre 25 e 29 de outubro, foram vistoriados 46 pontos suspeitos, sendo que em 12 foram apreendidos objetos relacionados ao jogo do bicho, além da identificação dos responsáveis pelas apostas.

A última fase aconteceu entre os dias 8 e 12 de novembro, quando 47 locais foram abordados. Destes, em nove foram encontradas apostas e material do jogo do bicho, resultando na condução de nove pessoas para a delegacia.

Envolvimento com o jogo do bicho

No dia 8, o Jornal Midiamax noticiou que, dentro da Polícia Civil, servidores suspeitam que as ações no âmbito da ‘Deu Zebra’ estariam ligadas à suposta tentativa de interferência na briga pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande. O caso resultou em denúncia ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e pedido de afastamento do delegado-geral.

Em meio à crise na diretoria da corporação, Adriano Garcia recebeu 15 dias de férias, até o fim de novembro, sendo substituído pela delegada adjunta Rozeman Geise Rodrigues de Paula. Informações obtidas pelo Midiamax são de que Adriano retorna das férias já em outro cargo, não mais como delegado-geral, após desgaste sofrido com as recentes denúncias.

O afastamento por férias foi assinado pelo secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul). Nesta quarta-feira, o secretário falou ao Midiamax que, caso haja afastamento do delegado-geral, a escolha para assumir o cargo é ‘pessoal e exclusiva’ do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Ainda conforme Videira, ele se reuniu com Rozeman e o corregedor, delegado Márcio Custódio, onde foi atualizado do procedimento que tramita na Corregedoria. Ele ainda pontuou que não está descartada instauração de outros procedimentos.

Denúncia ao MPMS

No último dia 9, foi determinada a distribuição imediata pelo MPMS da denúncia que tem como alvo a cúpula da DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil). Segundo informação oficial, o procedimento deve ser distribuído a uma das promotorias do Patrimônio Público. A expectativa é de que pelo menos um dos titulares dessas promotorias se declare sob suspeição. Atualmente, atuam como titulares os promotores Adriano Lobo Viana de Resende, Fabio Ianni Goldfinger e Humberto Lapa Ferri, da 29ª, 30ª e 31ª promotorias, respectivamente.

Crise na Polícia Civil

Inicialmente, os delegados não se incomodaram por achar que participavam de uma ofensiva concentrada da Polícia Civil contra o jogo do bicho na Capital de MS. Mas, estranharam ao descobrir que as batidas foram organizadas em paralelo à atuação da força-tarefa após delegados supostamente terem mantido sob sigilo informações que investigados teriam tentado acessar através do delegado-geral da PCMS.

“Tirar equipe de uma especializada dos trabalhos cotidianos para isso, isolando os colegas que estavam mais inteirados sobre o assunto é, no mínimo, estranho”, confirmou um delegado à reportagem. Os delegados que integram a força-tarefa não quiseram se manifestar.

No alvo, só ‘peões’ da contravenção

Diversas unidades especializadas passaram a ser convocadas para as batidas, sempre às quintas-feiras. Porém, o foco dos ‘arrastões’, que ganharam nome de Operação ‘Deu Zebra’, ficou apenas nos anotadores e recolhedores de apostas, ou seja, a ‘ponta fraca’ do negócio.

Rapidamente, policiais mais experientes passaram a alertar os delegados de que supostamente estariam sendo usados para prejudicar ou ajudar envolvidos na verdadeira briga para assumir o controle da contravenção em Campo Grande.

A suspeita é de que as apreensões de bancas e prisões dos anotadores, conduzidas à margem das investigações oficiais originadas com a Operação Omertà, poderiam facilitar a liberação de espaço para um ou outro grupo contraventor.

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