Alunos denunciam aglomeração e surto de Covid-19 em curso de formação da PM
Alunos teriam feito provas práticas sem uso de máscara ou distanciamento social
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Alunos dos cursos de instrução da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) denunciaram aglomeração e surto de casos de Covid-19 durante treinamentos realizados entre os dias 15 e 20 de março. As denúncias incluem não utilização de máscaras durante treinamentos do Cefap (Centro de Ensino, Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar), nas categorias de soldado e sargento, realizados no Batalhão de Choque, em Campo Grande.
Parentes dos alunos entraram em contato com o Jornal Midiamax para denunciar casos positivos de infecção por coronavírus, segundo eles contraídos dentro da corporação. Em um dos treinamentos, familiares afirmam que foi determinado que os alunos retirassem as máscaras para utilizarem equipamentos do curso, como capacetes e caneleiras, e que o material teria sido compartilhado entre outros alunos sem a higienização necessária.
Em mensagens de grupos de WhatsApp obtidas pela reportagem, futuros membros da PMMS afirmam terem passado o vírus para seus filhos e alegam que vários integrantes do pelotão estão contaminados. Os alunos também contam que mesmo com resultado positivo para Covid-19, participou do curso.
“Fiz as contas e estava infectada no dia das instruções do choque”, diz uma aluna que não será identificada. “Eu tive dor de garganta na segunda-feira, mas achei que era de cantar na sexta. Por isso passei mal em forma”, alega outro integrante ao enviar o laudo com a confirmação do teste. Em seguida, outro policial envia print de resultado positivo para teste feito pelo Governo do Estado, em um ponto de testagem. A data de coleta indica o mês de março de 2021.
“Eu positivei, estou de atestado. Minhas duas meninas estão no auge. A menor está sarando e a maior entrando”, afirma outro, se referindo às filhas. “Puts, o pelotão inteir? (sic)”, questiona outro membro do grupo. No dia 29 de março, outro participante do curso envia relatório do teste de confirmação de Covid-19.
O Jornal Midiamax também teve acesso ao Boletim Médico Hospitalar de um hospital particular da Capital de um sargento da PMMS que recebeu alta nesta terça-feira (6). De acordo com alunos, ele participou do curso de formação, estava internado com coronavírus e, na data de 28 de março, oito dias após o término do curso de formação, seu estado era considerado “grave” e “em piora”. O boletim ainda afirma que o sargento precisou ser entubado no dia 27, devido à “falta de ar e baixa oxigenação sanguínea”.
Apesar de denúncias de alunos de que o sargento teria participado do curso de forma presencial, o sargento informou à reportagem, por meio de advogado, que participou da formação de forma online e que não teve contatos com alunos no período em que esteve positivo para Covid-19.
Outra denúncia realizada pelos alunos é de que a formatura para o curso de sargento, deve seguir de forma presencial, mesmo com as medidas restritivas para evitar a propagação do coronavírus. “O curso já encerrou as atividades, mas o comando geral determinou que, apesar do surto, tenha formatura presencial, no dia 20 de abril. Está marcada para ser no próprio Cefap, pois outros locais não autorizaram aglomeração de quase 300 sargentos”, afirma um aluno.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar, e com a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul). A associação informou que não foi procurada, até o momento, para realização de denúncias sobre infecção por coronavírus durante os cursos. Ainda, que o “curso de sargento teórico foi feito a distância, e a prática presencial organizado pela quantidade de pessoas”.
A formatura, segundo a associação, “deve ser realizada de forma virtual, a não ser que as condições sanitárias melhores na Capital, e os decretos permitam realização de eventos”.
Já a assessoria da PMMS, informou que “capacitação e aperfeiçoamento dos policiais militares é contínua, em virtude das atividades desempenhadas pela PMMS e sua missão constitucional. A formação de novos policiais, que ingressaram através de concurso público, bem como os cursos necessários à progressão funcional da tropa já formada, foram mantidos durante a pandemia, devido à necessidade de ofertar a sociedade profissionais cada vez mais especializados, independentemente das adversidades impostas pelo tempo”.
Em relação às normas de biossegurança, a PMMS alegou que “assim como outros segmentos da sociedade, teve que se adaptar a nova realidade, montando um plano de biossegurança, conforme publicado no Diário Oficial, adotado em todas as Unidades da PMMS. O Governo do Estado tem disponibilizado constantemente equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas e álcool) além da sanitização periódica dos quartéis”.
Sobre os cursos serem realizados na modalidade presencial, a instituição diz que “as instruções práticas, indispensáveis à formação dos militares, foram executadas dentro dos parâmetros de segurança indicados pelas autoridades sanitárias. As instruções teóricas foram realizadas dentro da plataforma de ensino EAD, amplamente utilizada durante a pandemia. Os cursos que estão em andamento caminham para fase final, momento que será avaliada a viabilidade de uma formatura presencial ou on-line, além das normas adotadas para tal evento”.
A nota finaliza alegando que “a PMMS não divulga boletins médicos dos seus integrantes, mas ambos foram infectados pela COVID-19, se recuperaram e até o final desta semana estarão de volta às atividades laborais”, no que se refere ao quadro de saúde dos comandantes infectados.
*(Matéria alterada às 16h37 para acréscimo do posicionamento da PMMS)
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