O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de , citou o pedreiro Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, indiciado pela morte de sete pessoas na Capital. A citação é um ato do rito processual em que o magistrado afirma que recebeu a denúncia do Ministério Público Estadual de e informa ao réu sobre os crimes pelos quais ele está respondendo, para que possa se defender.

O pedreiro encontra-se recolhido no Instituto Penal, após pedido do advogado Jean Carlos Cabreira, que fez denúncia junto ao Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) contra três investigadores e o delegado da DEH ( Especializada de Homicídios),  por suposta tortura contra Cleber. Ele também fez uma representação na (Ordem dos Advogados do Brasil).

A Polícia Civil, o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) e a Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) se manifestaram publicamente repudiando as alegações do advogado, sob a justificativa de que o trabalho policial foi realizado dentro dos princípios legais e éticos. A Adepol, inclusive, sinalizou que vai representar judicialmente contra Cabreira.

Crimes

As investigações começaram após a descoberta da morte de José Leonel Ferreira dos Santos, 61 anos, assassinado por Cleber com auxílio da filha, Yasmin Natacha de 19 anos. Ele foi enterrado no quintal da própria casa, onde a família de Cleber então começou a morar. Preso uma semana depois, Cleber passou a revelar os assassinatos. A esposa de Cleber, Roselaine Gonçalves Carvalho, está presa por ajudar a ocultar o corpo de José Leonel.

Na madrugada de sexta-feira (15), José Jesus de Souza, de 44 anos, conhecido como Baiano, que estava desaparecido desde fevereiro deste ano, teve o corpo encontrado em um terreno no Coophatrabalho. Roberto Geraldo Clariano, de 48 anos, desaparecido desde junho de 2018, foi morto durante uma discussão no Recanto dos Pássaros enquanto fazia um serviço com o autor, e os trabalhos para localizar o corpo da vítima perduraram por toda manhã.

Já no início da tarde, o corpo do idoso Hélio Taira, de 73 anos, que estava desaparecido desde novembro de 2016, também foi localizado. Cleber fazia reforma em residência na Vila Planalto e, na ocasião, Hélio foi contratado para prestar um serviço de jardinagem, quando se desentenderam. Hélio foi enterrado na varanda da casa e o local foi concretado e teve piso colocado em cima.

Flávio Pereira Cece, de 34 anos, desaparecido desde 2015, era dono do imóvel onde foi encontrado enterrado no bairro Alto Sumaré, região da Vila Planalto. Ele era primo do serial killer Cleber, que segundo a polícia, matou o primo a pauladas o enterrou e vendeu a residência por R$ 50 mil com o corpo de Flávio enterrado. O corpo foi encontrado após ser escavado um buraco de 1,60 metro de profundidade, em um quarto.

Na noite de sexta-feira (15), foi encontrado o corpo de Claudionor Longo Xavier, de 48 anos, que saiu de casa no dia 16 abril, foi assassinado e teve a moto XTZ Crosser vendida pelo autor. O corpo estava no mesmo terreno onde a polícia encontrou José Jesus.

Na manhã de sábado (16), Timotio Pontes Roman, de 62 anos, foi encontrado morto em um poço dentro de residência na Rua Urano, no bairro Vila Planalto. Cleber teria sido contratado para fazer um serviço para a vítima, o matou em uma discussão e o jogou dentro do poço. O crime teria acontecido um dia após a morte de José Leonel.

Em todas as ocasiões, Cleber agiu da mesma forma, atingindo as vítimas com pancadas na cabeça, com instrumentos que tinha em mãos. Assim também, todas as vítimas foram enterradas. Os casos podem ser tratados como homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação de cadáver.