Puccinelli era principal alvo de extorsão de quadrilha que agia em presídios da Agepen

O ex-governador André Puccinelli (MDB) era o principal alvo da extorsão feita por quadrilha que agia dentro de presídios da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Três pessoas foram presas como mandantes da rede de extorsão, durante deflagração da Operação Extortio, na última segunda-feira (22), para desmantelar o grupo criminoso que agiu contra […]

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(Leonardo de França
(Leonardo de França

O ex-governador André Puccinelli (MDB) era o principal alvo da extorsão feita por quadrilha que agia dentro de presídios da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Três pessoas foram presas como mandantes da rede de extorsão, durante deflagração da Operação Extortio, na última segunda-feira (22), para desmantelar o grupo criminoso que agiu contra 12 pessoas.

Segundo apurado pela reportagem do Jornal Midiamax, algumas das vítimas procuraram ajuda entre si, quando descobriram tratar-se de rede de chantagem e Puccinelli chegou a acionar a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) para conter a ação criminosa, orquestrada dentro dos presídios em Mato Grosso do Sul desde o início deste ano.

O modus operandi do grupo consistia em apavorar familiares de políticos, médicos e advogados de Campo Grande. Para isso, eles enviavam cartas ameaçando sequestrar e matar pessoas próximas. O pedido era sempre o mesmo: R$ 2,5 milhões para não cumprirem as ameaças. Nenhum dos ameaçados fez os pagamentos.

A entrega das cartas era feita por meio de mototaxistas, que não sabiam do conteúdo. Os bandidos deixavam em comércios e ligavam para os entregadores dizendo que tinham deixado cair. Desta forma, não tinham contato direto. As ameaças eram feitas com poucos dias de intervalo, aumentando o terror dos familiares.

Também incluíam o envio de mensagens de texto, disponibilizadas à Polícia para ajudar nas investigações que resultaram na prisão dos mentores do esquema.

Na cadeia com celular

Segundo a Polícia, toda articulação do grupo criminoso era comandada de dentro de presídios e facilitada pelo uso de celulares. Durante coletiva de imprensa com balanço da operação, a delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) e responsável pelas investigações, informou que um político procurou a polícia em fevereiro para revelar as ameaças e extorsões. A partir daí toda rede foi descoberta e resultou na prisão de Fábio Alves, Diego Sirqueira e Celso Roberto Costa.

Fábio tem histórico de participação em roubos de malotes e, inclusive, já foi condenado. Já Celso Roberto é ex-funcionário público, condenado em 2012 por estelionato. Outros detentos também já foram identificados como membros dessa organização, mas segundo a delegada os detidos seriam os mentores.

As investigações continuam e celulares foram apreendidos com os detentos. De acordo com a Polícia, a facilidade do uso dos aparelhos dentro dos presídios permitiu toda a ação dos presos, já que através dos celulares eles faziam os cadastros de CPF das vítimas, pesquisavam a vida dos alvos, salvavam mapas, dentre outras informações.

A reportagem tentou contato com a delegada responsável pelo caso sobre o andamento das investigações, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Escritórios do PCC

Matéria exclusiva do Jornal Midiamax revelou que a corrupção no sistema penitenciário de MS e a sensação de ‘poder’ para quem entra em uma facção estão embalando o crescimento do PCC (Primeiro Comando da Capital) a partir dos presídios de Mato Grosso do Sul. Celulares e facilidades supostamente ‘negociadas’ com agentes teriam transformado celas em verdadeiros escritórios para chefes da organização criminosa.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) identificou pelo menos 48 líderes faccionados nas investigações da Operação Yin Yang, e muitos deles são detentos sob guarda de unidades da Agepen. Os membros da facção de maior escalão estariam detidos no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, no de Segurança Máxima de Campo Grande, e no PED (Presídio Estadual de Dourados). Com as investigações, o Gaeco conseguiu detalhar o funcionamento da facção e como é subdividida.

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