MP oferece denúncia contra ‘Maníaco da Cruz’ por ataque a agente
Até o momento, ele não possui condenação como adulto
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Até o momento, ele não possui condenação como adulto
O Ministério Público ofereceu denúncia contra Dyonathan Celestrino, 25 anos, – conhecido como Maníaco da Cruz pelo ataque a um agente penitenciário em agosto de 2016. A manifestação do Ministério Público é de novembro de 2017, mas foi anexada em 8 de janeiro ao processo que corre pela 11ª Vara do Juizado Especial.
Dyonathan ficou conhecido por uma série de crimes em 2008, em Rio Brilhante – a 158 quilômetros de Campo Grande. Ele foi apreendido e cumpriu medida socioeducativa [prevista pela legislação até os 21 anos]. Pela sua condição psicológica, é mantido em internação no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), mesmo sem ter, até o momento, condenação como adulto.
“Vai tomar no **, seu filho **…, quero ver quem vai me obrigar a entrar naquela cela…, vem pra ver se não te furo todo…”
Dyonathan aproveitou que outros internos circulavam pelo local, retornando dos setores de trabalho e escolar, desviou o seu caminho para o setor de salgados, o qual armazenava materiais que poderiam se tornar armas em suas mãos. Os agentes localizaram Dyonathan e, por mais de uma vez, solicitaram que ele saísse daquele local. A resposta foi negativa: “Vou *** nenhuma, tô a fim de ficar aqui, vou fazer um lanche, não enche meu saco” (sic).
A situação continuou com o agente tendo que desviar de um golpe de garfo e segurando Dyonathan para largar o instrumento. Consta ainda que o rapaz começou a reagir bastante tentando derrubar, chutar e dar socos no servidor.
“Posto isso, o Ministério Público Estadual oferece DENÚNCIA em face de DYONATHAN CELESTRINO, vulgo “Maníaco da cruz” como incurso nas penas dos artigos 329 , 330 e 331, todos do Código Penal, requerendo seja realizada audiência única de instrução e julgamento, adotando-se o procedimento estabelecido na Lei nº 9.099/95, ouvindo-se as testemunhas abaixo arroladas, para ao final, ser condenado nas penas dos referidos dispositivos legais”, afirma a promotora responsável.
Transferência
Em novembro do ano passado, a Justiça considerou “irregular e ilegal” a permanência de Dyonathan no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande). Em decisão do dia 13 de novembro, o juiz da 1ª Vara de Execução Penal, Caio Márcio de Britto determinou a transferência do jovem para outro local.
“Ao que se verifica, a situação do interno está irregular e ilegal. O estabelecimento penal onde se encontra, ainda que tenha local destinado à saúde, não é apropriado para receber pessoas acometidas por deficiência mental que não tenham sobre si qualquer acusação ou condenação criminal”.
Em seguida, a juíza de Direito Cintia Xavier Letteriello Medeiros, da 2ª Vara de Família, decidiu manter Dyonathan na ala de saúde do IPCG. No documento, a magistrada cobra o Estado de Mato Grosso do Sul sobre um lugar adequado para a internação do jovem. “A não ser mantê-lo no estabelecimento penal […] até que nova providência seja tomada pelo Estado”
“Maníaco da Cruz”
Dyonathan ficou conhecido como Maníaco da Cruz, aos 16 anos. Em 2008, ele matou o pedreiro Catalino Gardena, 33 anos, a frentista Letícia Neves de Oliveira, 24 anos, e a estudante Gleice Kelly da Silva, 13 anos. As vítimas foram esfaqueadas ou estranguladas e tiveram os corpos deixados em posição de crucificação em cemitérios.
Ele foi apreendido e confessou os atos infracionais análogos a homicídio, ficando internado na Unei (Unidade Educacional de Internação) de Ponta Porã, cidade a 346 quilômetros de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.
Pela lei, ele poderia ganhar liberdade compulsória, no máximo aos 21 anos, mas permaneceu no sistema penitenciário. Em 3 de março de 2013, ele fugiu para o Paraguai e foi recapturado na cidade de Horqueta, no Departamento de Concepción, em 27 de abril daquele ano.
Dyonathan foi transferido para Campo Grande, passou pela 7ª Delegacia de Polícia Civil, pela Santa Casa até ser mandado para o Instituto Penal, para ficar um ano, mas permanece até hoje no local.
Entre 2015 e 2016, ele teve pelo menos três episódios de ameaças aos agentes penitenciários. A Agepen optou por não classificar como surtos, mas, mesmo assim, ele passou por avaliação de especialistas. Sem ter um local apropriado para ser transferido, ele permaneceu no Instituto Penal.
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