PF aguarda laudo de indígena morto em confronto e deve ouvir testemunhas

PF encontrou sangue no local onde indígena foi baleado

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PF encontrou sangue no local onde indígena foi baleado

A PF (Polícia Federal) aguarda o laudo necroscópico que vai apontar o calibre da arma que matou Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, indígena da etnia guarani-kaiowa, durante confronto com fazendeiros na zona rural de Antônio João, a 402 quilômetros de Campo Grande. De acordo com o delegado Bruno Maciel, o exame deve ficar pronto entre esta segunda-feira (31) e a terça-feira (1º). Testemunhas também devem começar ser ouvidas ainda nesta segunda para confirmar algumas informações, segundo.

Segundo delegado, no domingo (30) foi feito um exame complementar do local, uma espécie de perícia com reconstituição. O precisamento foi necessário, pois as forças policiais chegaram ao local do conflito no sábado a noite. Este laudo também é aguardado, para esta semana, porém, a PF já confirmou ter encontrado vestígios de sangue no local, onde provavelmente Semião recebeu o tiro

Sobre a afirmação do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (Dem), de que o indígena já estava morto há um dia e o cadáver teria sido baleado após o confronto, o delegado disse que a informação recebida pela PF, é de que o parlamentar viu o corpo a uma certa distância e que ainda não é possível ainda fazer afirmações precisas, somente após o exame feito no IML (Instituto Médico Legal).

Segundo relatos, a vítima estava bebendo água em um córrego que passa pela propriedade e foi atingida pelos tiros na cabeça, de um revólver de baixo calibre.

O confronto entre indígenas e fazendeiros aconteceu na Fazenda Fronteira, de propriedade da presidente do sindicato, Roseli Maria Ruiz, durante a tarde do sábado (29). Durante a manhã do mesmo dia, aproximadamente 100 produtores rurais se reuniram no sindicato rural da cidade, junto com Mandetta, a deputada federal Tereza Cristina (PSB) e o senador Waldemir Moka (PMDB).

Um dia antes, na sexta-feira (28), os produtores rurais já haviam se reunido com deputados federais  na sede da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) para avaliar o impacto das ocupações do que eles chamaram de “cenário de insegurança jurídica” e com objetivo de “montar uma verdadeira estratégia de guerra no Estado”.

Nesta segunda, o governo estadual vai assinar pedido de Garantia de Lei e Ordem, à presidente da República, Dilma Rousseff (PT), para que mais equipes do Exército sejam enviadas ao local. A intenção, segundo o Executivo Estadual, é restabelecer o diálogo na região.

Ocupação

As ocupações começaram na madrugada de sábado (22). Um grupo de indígenas entrou na Fazenda Primavera e rendeu os moradores. Desde então, o clima de insegurança se instalou na cidade, com indígenas acusando produtores rurais de espalharem boatos, para causar pânico e ruralistas afirmando que os índios não tem o direito de ocupar as propriedades rurais.

Os indígenas ergueram acampamentos em cinco propriedades: Primavera, Pedro, Fronteira, Barra e Soberania. Restam apenas duas fazendas para serem retomadas.

Disputa

Em 2005 as terras foram homologadas pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva como área indígena, mas no mesmo ano o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a demarcação.

De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), conforme o relatório de demarcação, a vila está dentro dos marcos de Ñanderu Marangatu. Indígenas e Funai afirmam que cerca de 10% dos moradores da ‘vila’ não são indígenas e nenhuma dessas famílias foi despejada da localidade pelas ações de retomada.

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