A enfermeira pode ser responsabilizada
A morte do bebê na manhã de segunda-feira (14), após um parto em casa, deve ser investigada não só pela Polícia Civil de Campo Grande, mas também pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem) e pela Secretaria da Saúde. A enfermeira que atuou no parto pode ser responsabilizada caso seja comprovado que a morte da criança poderia ter sido evitada.
Para Camila Zanetti, representante da Artemis, associação que atua na defesa e promoção dos direitos das mulheres, em Mato Grosso do Sul, o Coren deve investigar qual foi a qualidade da assistência dada pela enfermeira que atendeu ao parto e se ela possui o registro profissional. “Não é necessariamente o parto em casa ou o local que desencadeia o fator morte. O que pode causar a morte é a qualidade da assistência”, diz Camila.
Ativista da humanização do parto, Camila esclarece que parto humanizado não é sinônimo de parto em casa. “A família escolhe onde o parto será feito. O parto humanizado é um objetivo a ser atingido pelo Ministério da Saúde independente do local”, diz.
Segundo a representante da Artemis em MS, o parto humanizado é um objetivo a ser atingido também nos hospitais e casas de parto, para que se evitem intervenções desnecessárias e para que a mulher se sinta parte do processo do parto e que seja o mais seguro possível para a mãe e o bebê.
Para Camila, a necessidade é de se cobrar que o Coren investiguem a enfermeira, para que seja possível entender se houve qualidade na assistência prestada à mãe e se a morte do bebê poderia ter sido evitada ou se era inevitável. A ativista também lembra que as doulas não têm atuação técnica no parto. “Ela acompanha a mãe para suporte psicológico, fazer massagens, aliviar dores”, diz.
Investigação policial
O caso, que foi atendido por equipe da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro na manhã de segunda-feira, deve ser investigado pela 5ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. Até a manhã desta terça-feira o processo não havia sido encaminhado.
Relembre o caso
Ao tentar realizar um parto em casa, uma mulher identifica como Priscila, de 32 anos, acabou perdendo o bebê que morreu na manhã desta segunda-feira no Bairro Taquarussu.
Segundo a delegada da Depac Centro, Priscilla Anuda, a criança nasceu viva, mas momentos depois morreu. A mulher teria entrado em trabalho de parto às 3 da madrugada e, no fim da manhã, o bebê teria nascido vivo, mas morrendo em seguida. Este seria o terceiro filho de Priscila.
Não havia equipe médica no local, a mulher teria contratado uma enfermeira e uma doula, responsável por acompanhar a gestante durante e após o parto, que foram encaminhadas até a delegacia para prestarem depoimento.