Polícia indicia estudante por duplo homicídio e conclui inquérito de incêndio em edifício

Fato ocorreu no prédio Leonardo Da Vinci, região nobre da Capital e culminou na morte de dois moradores, por asfixia. Causa mais provável é de que jovem tenha esquecido ligado o botão do forno

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Fato ocorreu no prédio Leonardo Da Vinci, região nobre da Capital e culminou na morte de dois moradores, por asfixia. Causa mais provável é de que jovem tenha esquecido ligado o botão do forno

As horas que antecederam o terror vivido por centenas de moradores do Edíficio Leonardo Da Vinci, na madrugada do dia dois de outubro de 2011, quando eles tiveram de evacuar a área por conta de um incêndio no 9° andar e que culminou na morte de duas pessoas, já foram esclarecidas pela Polícia Civil da Capital. O inquérito foi relatado nesta sexta-feira (8) e um dos moradores indiciado por duplo homicídio culposo (sem intenção de matar).

Segundo o delegado Miguel Said, responsável pelas investigações, após serem feitas inúmeras oitivas e diligências aliadas ao trabalho pericial, ‘a hipótese mais provável e os indícios são de que uma pessoa esqueceu ligado o botão do forno do fogão, fato constatado por peritos, que ainda encontraram resquícios de comida e uma altíssima temperatura, capaz de derreter a lâmpada interna da máquina.

“É um caso complexo, com duas mortes, que precisou de muita investigação para que fosse formado o juízo de convicção. Com a conclusão do inquérito policial, já encaminhado ao poder Judiciário, foi indiciado o estudante João Gabriel D´Osualdo, 22 anos. Eles é que irão decidir a pena, que poderá ser de detenção de um a três anos ou até mesmo revertida em multa ou outra punição, de acordo com o entendimento do juiz”, explica o delegado.

Relembrando o fato no apartamento 904, o delegado Said deu detalhes ao Midiamax do que ocorreu antes do incêndio. Horas antes, a família, composta por um casal, a filha portadora de necessidades especiais e o estudante estavam na casa. O jovem saiu com a namorada e a mãe foi preparar o jantar, servido para o marido e a menina na cozinha.

Após a refeição, eles saíram para ir ao teatro, por volta das 20h30, fato confirmado pelo circuito de filmagem do prédio, segundo as investigações da 1ª Delegacia de Polícia. A família teria retornado por volta das 0h, sendo que todos foram dormir. Quarenta minutos depois chega o menino. A namorada dele mora no 13° andar do mesmo prédio.

Em depoimento, ele alegou que subiu direto para a residência da moça. Porém, as câmeras mostram que ele parou no seu andar e ela teria subido para o 13°. Foi um intervalo de dez minutos onde posteriormente ele alegou que ocorreu porque decidiu trocar de roupa e também aproveitou para tomar água.

A análise da filmagem realmente o mostrou subindo o elevador com outra roupa, de bermuda e camiseta. Porém, é neste momento que a polícia constatou que possivelmente o estudante teria colocado a comida no forno, principalmente porque a perícia localizou um recipiente no local.

João Gabriel, na casa da namorada, uma hora e vinte minutos depois de ter saído do seu andar, sentiu o cheiro da fumaça. E, de acordo com a polícia, foi neste momento que saiu pela sacada e viu a fumaça saindo do seu andar. “Quando ele desceu, as imagens mostram o Hall de entrada cheio de fumaça. Ele então chamou os pais, que já estavam acordados. João Gabriel foi com a mãe para a sacada e a irmã mais nova seguiu para o banheiro da suíte com o pai. Eles ficaram no local até a chegada do Corpo de Bombeiros”, garante o delegado.

A partir daí, o pânico se instalou no local. Por diversas vezes os bombeiros já explicaram que a porta corta-fogo, ao invés de ficar fechada, foi aberta para a passagem dos moradores e com isso a fumaça espalhou mais rapidamente.

O jovem Giovani Dolabani Leite, 24 anos, portador de necessidades especiais, chegou a receber atendimento médico, mas morreu poucas horas após a tragédia. Já a defensora pública Kátia da Silva Barroso, 37 anos, faleceu alguns dias após ficar internada por intoxicação.

Na época, o seu marido Francisco José Soares Barroso e o filho João Emanuel, sete anos, também ficaram hospitalizados. A reportagem teve acesso as imagens, mas decidiu não divulgar por respeito aos familiares.

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