Apesar de policiamento, usuários dizem entrar ‘rezando’ em ônibus em Santa Catarina

Apesar do clima de aparente tranquilidade e da presença de policiais militares nas ruas, usuários do transporte coletivo de Florianópolis dizem “rezar” ao entrar em ônibus nesta quinta-feira. A onda de ataques em Santa Catarina já deixou quatro veículos incendiados apenas na capital. No começo da tarde, policiais militares e viaturas faziam a segurança no […]

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Apesar do clima de aparente tranquilidade e da presença de policiais militares nas ruas, usuários do transporte coletivo de Florianópolis dizem “rezar” ao entrar em ônibus nesta quinta-feira. A onda de ataques em Santa Catarina já deixou quatro veículos incendiados apenas na capital.

No começo da tarde, policiais militares e viaturas faziam a segurança no Terminal Central (TICEN). Os veículos que realizam linhas mais afastadas só deixavam o local escoltados. Do lado de fora, uma pequena base da PM também foi colocada em funcionamento.

Quem precisou sair do bairro de Canasvieras, na região norte, dizia-se “apavorado” com a situação. A promotora de vendas Maria Luísa Dias Menezes, 29 anos, precisou sair de casa para realizar um trabalho em um dos shoppings da cidade. “Foi muito tenso vir de Canasvieiras para cá. O ambiente é estranho, como todo mundo em silêncio dentro do ônibus”, afirmou. “Como saio do trabalho às oito da noite, vou dormir na casa de uma amiga aqui no centro”.

O frentista Múcio Reis, 36 anos, saiu de Ingleses no final da manhã para trabalhar em posto de gasolina da região central. Ele também disse temer o retorno para casa. “São muitos ônibus e poucos policiais. Não dá para sentir segurança. Se eu tivesse como, dormiria por aqui ou nem viria trabalhar”, afirmou. “E fico com mais medo da minha família em casa. Nosso bairro vem sofrendo com esses problemas. Entrei no ônibus e vim rezando”.

Neste feriado de Proclamação da República, as linhas de ônibus estão atendendo com horário de domingo. Mesmo com a redução significativa de veículos na rua, a PM informou que irá intensificar a segurança no início da noite, quando os ataques vêm ocorrendo com maior frequência. Uma reunião marcada para o final da tarde ainda deve decidir sobre uma possível paralisação do serviço durante a noite, conforme vem se especulando em Florianópolis. Os representantes das empresas e dos sindicatos de trabalhadores afirmam que caso a segurança não seja garantida, os ônibus serão recolhidos e o serviço suspenso.

Violência em SC

Desde 12 novembro, o Estado registra uma série de atentados contra ônibus e bases da polícia. Enquanto os coletivos foram alvos somente de incêndio, algumas bases policiais também foram alvejadas. Uma funcionária de empresa de administração prisional recebeu uma mensagem no celular avisando sobre os ataques, que seriam uma represália a supostos maus tratos ocorridos dentro da penitenciária de São Pedro de Alcântara. O secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, César Augusto Grubba, afirmou que os atentados em Florianópolis podem ser imitação dos ocorridos em São Paulo, onde mais de 90 policiais foram mortos desde o início do ano.

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