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Com mais de meio século de jornalismo, sinto a obrigação de revelaraos mais jovens que o Brasil não era assim quando me iniciei, em 1963, em OJornal e depois, em 1968, em O DIA. Os políticos, de todos os partidos etendências ideológicas, eram, na sua maioria, homens de boa formação efaziam a política com elegância e categoria. Não existia radicalismo, nemcorrupção, nem grosserias. E havia o decoro da função pública, doexercício do mandato popular e do poder.
Getúlio Vargas nunca foi grosseiro com opositores, embora alvo deinqualificáveis acusações, que o tempo revelou realmente indignas.Aguardou, sereno, o julgamento da história. Seu opositor na eleição de 1950, o Brigadeiro Eduardo Gomes, que já havia sido derrotado peloMarechal Dutra, era homem de exemplar dignidade, não se tendo notícia depalavras ou comportamento inadequado. Carlos Lacerda, o mais brilhanteorador e parlamentar, polêmico, agressivo, podia exagerar, mas dentro deseu reconhecido brilhantismo. Não era grosseiro, tosco, deselegante.
Luiz Carlos Prestes foi um homem ameno no trato, sem prejuízo de seustalinismo, o que, no fim da vida, revelou em elegante debate na TVE comRoberto Campos. Poucas vezes na história republicana se soube depresidentes usando – e abusando – de palavreado chulo, incompatível com ocargo. A presidente Dilma, segundo dizem, abusava do palavreado de baixocalão, mas não se tem notícia de se comportar desta maneira em público.Havia no elenco de principais atores da política homens de grandecategoria, espalhados em diferentes partidos, como eram os casos deJoaquim Ramos, Negrão de Lima, Amaral Peixoto, Oscar Corrêa, Bilac Pinto, Leopoldo Peres, Magalhães Pinto, Artur Bernardes Filho, Gilberto Marinho, Rubens Berardo,Cunha Bueno, Miguel Couto Filho, Raul Fernandes, Dinarte Mariz, JoãoMangabeira, Antônio Balbino e tantos outros.
A qualidade das bancadas vem caindo e fugiu ao controle em 2018, com estasafra rica em despreparados, inconvenientes, equivocados e até mal-intencionados. Daniel Silveira e Arthur do Val são dois exemplos entre muitos outros.
Os democratas, de fato, sejam de esquerda, centro ou direita, devem seunir na defesa do rigor na elaboração das chapas e cobrar do TSEcumprimento da lei da ficha limpa, que já falam ser o novo golpe dos que desmontaram a Lava-jato. Não é possível que a democracia pague pelas omissões dos bons. Tem muita gente boa, de todas as tendências, com ou sem mandato. Este é o desafio de outubro aos políticos e, principalmente, ao eleitor, que vota por impulso, sem saber em quem está votando.
O Brasil tem muitos desafios pela frente. O progresso está plantado evisível, caso não se lance o país numa aventura ou na repetição do que nãodeu certo, mesmo que por diferentes motivos.
Precisamos de gente respeitada e respeitável.
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