Alienação coletiva
Aristóteles Drummond, articulista e escritor, discorre sua livre opinião, a respeito de fatos e acontecimentos do Brasil e mundo.
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Quem anda pelas mídias sociais, acompanha comentários de rádio e televisão, chega à conclusão de que a sociedade brasileira perdeu o juízo e o sentido da razoabilidade com essa pandemia. Todos se deixam levar por uma absurda politização de uma catástrofe que já nos levou mais de 30 mil vidas. Uns chegam a negar os números divulgados, como que uma conspiração unânime de estados e municípios e uma ingenuidade ou incompetência do Ministério da Saúde, que atesta os números desde o início. Infelizmente, parece existir é justamente o contrário, uma subnotificação, natural por envolver milhares de municípios.
Outro absurdo vem dos que calculam que, na proporcionalidade população versus mortes, estamos bem colocados, como se 30 mil mortos em si não bastassem para nossa comoção. E se fosse para pensar assim, estaríamos muito mal, pois a Índia, China, Paquistão e Indonésia, com população maior ou semelhante a nossa, têm muito menos casos registrados.
A pandemia é apartidária, não tem classe social, região, raça ou religião. Todos devem estar unidos em vencer a COVID-19, que provoca perdas de vidas, desemprego, colapso de atividades em todo o mundo. Questões como isolamento e medicação fogem ao debate de curiosos. O isolamento é necessário, universal, e não haver ainda remédio reconhecido cientificamente, muito menos vacina, são fatos também que independem da vontade de A, B ou C.
O lamentavel é que certa midia tenta impor raivosamente o Presidente da República como aliado do vírus. O que, aliás tem provocado justas reações de políticos e autoridades em entrevistas na televisão.
Em havendo diálogo, racionalidade, apesar do agravamento em alguns estados, a economia pode ir voltando ao normal, com ordem e prudência. Mas é preciso que seja consensual e ouvidos os setores que acompanham a pandemia entre nós.
Todo mundo quer dar palpite e mandar no processo dramático que o Brasil e o mundo vivem. Mas não será por aí que vamos melhorar as perspectivas para um segundo semestre promissor. O entendimento para ajudar, e muito, seria o Congresso começar aprovando as propostas do ministro Paulo Guedes, que estão lá para serem apreciadas. Vai facilitar a retomada, quando esta for possível. E são importantes as medidas para captar recursos, uma vez que a crise é mundial e todo mundo buscará atrair geração de empregos. Nós temos vantagens singulares, como ambiente oficial favorável aos novos negócios, mercado interno robusto e com espaço para crescer, clima e infraestrutura. Temos contra nós a legislação trabalhista, fiscal e uma assustadora burocracia. Mas precisamos melhorar a qualidade de nossa mão de obra. Temos de resolver tudo isso logo.
A história registra que, na saída das grandes crises, guerras inclusive, quem sabe aproveitar oportunidades fica melhor. Casos do Japão e da Alemanha, arruinados há 75 anos e hoje poderosas economias, socialmente justas e democráticas.
É preciso a consciência de que não existe espaço para a futricaria estéril. Somos 210 milhões e ficou comprovado que a metade sofre muito, diria que no limite.
* Articulista e escritor
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