O momento em que Leandro Moraes de Costa, de 19 anos, se recolhe no quarto é quando a mãe dele, a aposentada Tânia Moraes da Costa, de 66 anos, sabe que alguma arte vai sair de lá. Com um dom natural e preferência por santos católicos e objetos sagrados, usa material sustentável e cria réplicas, sendo uma delas entregue ao padre Alex Messias, de 40 anos, do Santuário São Judas Tadeu, em Campo Grande.

Mesmo com o diagnóstico de esclerose tuberosa, o que desenvolveu certo grau de autismo, desde a infância, Leandro não se limita a seguir uma vida de jovem cristão. “Ele sempre vai na igreja e, em uma destas tardes de oração e passeio, na igreja São Sebastião, o padre falou sobre o Carlo. Neste momento, o Leandro entregou a vida dele para Jesus e começou a se interessar também pela vida e obras do Carlo, fazendo a arte com o papelão e o papel Paraná, em seguida”, relembrou a mãe.

Neste último dia 26 de maio, durante a missa de investidura, no qual ele foi convidado para ser coroinha, o padre lembrou do presente, que o surpreendeu bastante, e levou para falar do orgulho que sente do Leandro. “Eu nem estava sabendo. Quando gosto muito de um trabalho dele, pego e escondo, porque o Leandro some e sai dando para todo mundo. Neste caso, fiquei muito feliz e surpresa na missa”, disse Tânia.

(Alex Messias/Arquivo Pessoal)

O padre Alex, que está no Santuário há 2 anos, disse que Leandro é um católico muito assíduo nas celebrações e, desde o início, chamou a atenção a vontade dele em ajudar. “Ele sempre foi muito desejoso em ajudar e, com o intento de ser uma igreja acolhedora, eu o chamei para ser coroinha. E também soube que ele é muito dado ao artesanato religioso. Assim, na ocasião em que falávamos do Carlo como um exemplo para atualidade, ele me presenteou com a imagem em papel reciclável”, comentou.

Conforme Messias, além de promover a evangelização, a partir do próprio artesanato, Leandro também repassa uma mensagem de educação ambiental.

“Ele consegue se relacionar com Deus através do artesanato e também promove uma evangelização de fé e de cuidado. Sei que ele gosta da arca da aliança também e este presente é muito especial, fica na minha mesa de atendimento. E o Leandro percebeu os detalhes, do Carlo que sempre usou roupas esportivas, de maneira muito jovial, então, teve essa inspiração, assim como Carlo se inspirava nas palavras de São João Paulo II, dos jovens serem santos de calça jeans”, finalizou.

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Depois que um milagre foi atribuído a ele, Acutis foi beatificado em 2020. Na época, ele curou um menino de três anos que tinha uma doença rara no pâncreas.

O milagre aconteceu em uma missa realizada na Paróquia São Sebastião, em Campo Grande. Em contato com a família de Carlo na Itália, o padre Marcelo Tenório conseguiu trazer uma relíquia dele, um pedaço do tecido de sua camisa.

Como Carlo Acutis morreu no dia 12 de outubro de 2006, o padre realizava missas com a relíquia do adolescente italiano nesta data anualmente. 

Contudo, com uma doença rara congênita chamada pâncreas anular, o menino não conseguia comer, estava desnutrido e tinha o peso de uma criança de um ano. “O avô veio com o menino, que tocou na relíquia e pediu para parar de vomitar e o milagre aconteceu. A família fez o exame em 2014, que constatou que ele não tinha mais nada no pâncreas. Pegamos os exames e mandamos para postulação da causa, em Roma”, contou à época o padre Marcelo Tenório.

Assim, a técnica de enfermagem Luciana Lins Vianna, de 40 anos, é mãe do menino e conta que se surpreendeu com o pedido. Como ele ainda era muito pequeno, ela não imaginou que ele fosse pedir a cura para a doença. “Ele pediu espontaneamente. Neste mesmo dia, ele voltou a comer”, contou.

Em homenagem a Acutis, uma outra família nomeou um residencial com o nome do beato, agora santo.

Seu corpo está exposto no Santuário do Despojamento em Assis, no centro da Itália. Em bom estado de conservação — o Vaticano afirma que os restos mortais de Carlo Acutis foram “recompostos”, mantendo o corpo do jovem bastante preservado.