Galeria Isaac de Oliveira reabre e sua última obra encanta a Av. Paulista
Não tem como negar, o saudoso artista plástico Isaac de Oliveira era um apaixonado pelas cores e belezas naturais do nosso Pantanal. Ele tinha nas pontas de seus pincéis todas as cores do mundo, misturadas, harmonizadas, que enchem a vista de poesia. Seu legado continua vivo, mais que isso, pulsando… Prova disso é o retorno […]
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Não tem como negar, o saudoso artista plástico Isaac de Oliveira era um apaixonado pelas cores e belezas naturais do nosso Pantanal. Ele tinha nas pontas de seus pincéis todas as cores do mundo, misturadas, harmonizadas, que enchem a vista de poesia. Seu legado continua vivo, mais que isso, pulsando… Prova disso é o retorno do funcionamento de sua galeria, em Campo Grande, e sua última pintura exposta em um de seus lugares preferidos, levando o colorido do MS para Avenida Paulista, em São Paulo.
Retomar os trabalhos não tem sido tarefa fácil para Secéu, viúva de Isaac. Ela reabriu a Galeria do artista e ainda está se adaptando a não ter a presença iluminada do esposo, que tinha como marcas registradas aquele sorrisão carismático e uma elegância indefectível. “É bem difícil a sensação que a gente tem de que a vida deve seguir sem ele. Você tem que reaprender isso tudo, mas leva tempo, são várias etapas”, conta Secéu.
A mesa onde ele trabalhava e acomodava todo seu material, hoje se tornou a mesa central da galeria. Tintas, papéis e outros objetos que ficaram, foram todos doados para Confraria Socioartista. “Ele tinha muitos papéis em branco, tintas abertas, aí a gente doou tudo. Saíram duas ou três caminhonetes para eles, porque lá vai ter cursos de artes e sei que vai ter um bom uso”, diz.
Os CDs de música também eram os xodós do artista, em sua coleção, mais de duas mil unidades foram destinadas à melhor pessoa para cuidar deste acervo: Ciro de Oliveira. “Quando Isaac chegou a Campo Grande, uma das primeiras pessoas que ele conheceu foi o Ciro de Oliveira. Gosto de musica mas não sou muito ligada. Separamos alguns CDs mais representativos e o resto todo foi pro Ciro, que teve que fazer mais nichos nas paredes”, diverte-se.
Já os livros foram todos guardados, Secéu conta que a quantidade é descomunal. A ideia é que esse acervo vá para o museu que ela pretende levantar pra perpetuar sua história e manter viva sua arte.
Jaguar Parade e a última obra realizada por Isaac de Oliveira
Uma das maiores exposições a céu aberto do país, tomou a cidade de São Paulo para abordar um assunto muito pertinente: o risco de extinção das onças pintadas no país. Em biomas como a Mata Atlântica, a espécie é considerada “criticamente ameaçada”, com menos de 300 indivíduos.
Esta nobre iniciativa, além de chamar atenção para a urgência que é a preservação das onças, a Jaguar Parade ainda espalha cor e embeleza a capital paulistana. Cerca de 90 esculturas foram estilizadas por artistas de diversas vertentes e espalhadas em
pontos estratégicos de São Paulo. Ao final, um leilão será realizado e parte do valor arrecadado será destinado a entidades brasileiras que trabalham firme na preservação da onça-pintada e de seu ecossistema, como a SOS Pantanal, Ampara Animal, Onçafari e Panthera, e aos artistas que estilizaram as esculturas.
A onça produzida por Isaac de Oliveira foi concebida em cinco dias de trabalho intenso, pintando cerca de quatro horas diárias. A doença que o acometeu não o impediu de ter disposição para essa carga horária pesada de trabalho. O cansaço batia, uma certa indisposição ocorria, mas nada que interrompesse a grande vontade de conceber esta bela escultura, que pode ser encontrada na Av. Paulista, n. 2.518, na Praça dos Ciclistas (ref: Shopping Pátio Paulista).
Veja os bastidores da concepção da obra:
O retorno a Campo Grande e o adeus
Pouco tempo depois de voltar de São Paulo, onde passaram pouco mais de uma semana, Isaac e Secéu voltavam a Campo Grande. “Fomos no dia 7 de setembro e voltamos no dia 18. Ele fez os exames, tava tudo bem, fez químio na quarta, na quinta… quando veio a segunda-feira, ele faleceu. Ele estava super bem, tanto que ele trabalhou todos aqueles dias intensamente”, recorda Secéu.
Com os ipês floridos, esbanjando abundância de flores, no primeiro dia da primavera, o artista nos deixou. O coloridor de Ipês partiu apoteoticamente, com toda pompa e circunstância que um ícone merece. As árvores o abraçaram, os pássaros cantaram mais bonito e o céu se abriu pra receber aquele que os retratou como ninguém.
O legado de Isaac de Oliveira permanecerá firme e forte, nunca será esquecido. Quando vier novas floradas dos Ipês, de onde ele estiver, com certeza, ele estará sorrindo.
Galeria Isaac de Oliveira
Av. Antônio Teodorowich, 119/125 – Carandá Bosque
Telefones: (67) 99307 – 7227 e (67) 99256 – 9499
Funcionamento: Segunda à Sexta: 14h às 20h / Sábado: 9h às 13h
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