Zé do Caixão completa 80 anos hoje com muito terror e produções inovadoras no cinema
Cineasta e ator é referência no audiovisual brasileiro
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Cineasta e ator é referência no audiovisual brasileiro
As longas unhas e a cartola preta são inconfundíveis no imaginário do cinema contemporâneo brasileiro, mas poucos o conhecem pelo nome de nascimento. José Mojica Marins é o nome real do Zé do Caixão, cineasta, ator, roteirista, especialista em efeitos especiais e uma figura célebre em nossa história cinematográfica. Hoje, ele completa 80 anos de muito cinema e diversão para os fãs do terror e do horror. “Muita gente não conhece o Mojica Marins, mas conhece o Zé do Caixão. Ele é um dos grandes personagens do cinema brasileiro. Já faz parte do inconsciente do público. A produção dele foi vanguarda no mundo inteiro”, explica o produtor audiovisual e jornalista Airton Raes Fernandes.
Mojica nasceu em uma sexta-feira 13, em São Paulo, e seu primeiro contato com o cinema foi um tanto inusitado. A biografia “Maldito: A vida e o cinema de José Mojica Marins”, de Ivan Finotti e André Barcinski, fala que seu contato com o cinema aconteceu em uma sala de projeção, assistindo a uma exibição sobre doenças venéreas. O episódio marcou Mojica, que se interessou por cinema muito cedo, aos 9 anos de idade.
Ele seguiu inventando e reiventando cinema no Brasil. O filme que revelou Zé do Caixão foi “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”, de 1964, lançado em plena ditadura militar do Brasil. “Enquanto os Estados Unidos estavam sob o código de censura, chamado código “Heys”, que impunha uma série de limitações no cinema, no Brasil Mojica tinha toda liberdade. Ele trabalhou com os medos primários e instintivos. Criou um personagem totalmente brasileiro, sabendo como criticar os elementos católicos, sem ser ofensivo”, relembra Airton.
Porém, ainda sim muitos de seus filmes sofreram censura. “Zé do Caixão só foi realmente sentir o gosto da fama quando recebeu um prêmio por sua obra nos Estados Unidos, nos anos 1990”, analisa o empresário João Alencar, 29, fã de Mojica. “Mas foram anos produzindo, a produção de Zé do Caixão é muito vasta”, relembra. Ao longo de sua carreira, ele escreveu, dirigiu, produziu e atuou em mais de 30 filmes, como “Encarnação do Demônio”, “Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver” e “O Despertar da Besta”. Muitos deles foram feitos “na raça”, com poucos recursos e muita criatividade.
Influências no cinema brasileiro
A diretora da produtora de filmes de terror sul-mato-grossense Vade Retro, Larissa Anzoategui, afirma que conheceu os filmes quando era criança, na antiga locadora MB Vídeo, localizada em Campo Grande. Apaixonada por filmes de terror, ela revela que o personagem foi uma grande influência em sua vida. “O Mojica é o nosso mestre do terror e referência obrigatória para qualquer um que queira produzir filmes do gênero por aqui. O personagem Zé do Caixão se tornou um grande ícone do nosso cinema. Fora das telas ganhou fotonovelas, histórias em quadrinhos, programas de TV. Saiu vitorioso de muitos problemas que encontrou, como a censura, por exemplo. Ele vive no nosso imaginário”, acredita.
Para ela, muita gente do cinema brasileiro teve a influência do Zé do Caixão. “Acredito que o Mojica tenha influenciado muita gente a ir fazendo filmes com pouco,movidos só pelo amor ao cinema. Mas acho que ele é mais esperto que a gente e conseguiu algumas vezes tirar um ‘lucrinho’”, brinca a cineasta. Elogiado até por nomes como o cineasta Glauber Rocha, a comemoração dos 80 anos de Mojica não é mesmo por acaso.
Para os fãs de Mojica, hoje no Canal Brasil, onde o cineasta das trevas pilotou sete temporadas até 2014 do talk show “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, a “Mostra Zé do Caixão – 80 anos” vai exibir aos domingos, a partir desse, seis filmes de Mojica, entre eles “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” (1964) e o “O Despertar da Besta” (1990). A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, também vai celebrar a vida e a obra de Zé do Caixão com uma mostra especial de 20 filmes em sessões gratuitas, durante quatro semanas, até dia 3 de abril.
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