Grupo ACABA comemora cinquentenário com show memorável no Palácio Popular
DVD foi gravado na mesma noite
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DVD foi gravado na mesma noite
O Grupo Acaba comemorou o cinquentenário em grande estilo na noite do sábado 924), num dos espaços mais nobres da cidade, o Palácio Popular da Cultura. Com os integrantes atuais, convidados especiais e dezenas de homenagens, o grupo lotou o auditório Germano de Barros, onde também foi gravado o DVD da Antologia musical ‘Pantanal: Nascentes, Rios e Vertentes’.
Durante todo o show os artistas plásticos Cleir, Carlos Vera e Adilson Schiefer pintaram telas com os temas das músicas do Acaba. A música Ciranda do Pantanal, que abriu o espetáculo, teve a participação das crianças da Academia de Dança. Crianças do Coral Infantil da Escola Montessori interpretaram as cantigas de roda Tem criança brincando, Se essa rua fosse minha, Lenda do Minhocão e Cavalinho de Pau.
Aliás, o show foi recheado de convidados especiais, como Lenilde Ramos, na música Cururu de Santa Fé, Germano de Souza, que teve o seu pai, o médico Germano de Barros, homenageado com a música O dono da caça, Zé Geral, que participou cantando a música Fernando Vieira, Celito e Gilson Espíndola, que cantaram Raízes, Américo e Nando, com Papagaiada, a família Barreto participou com os filhos de músico do grupo, Vandir Nunes Barreto, interpretando Natureza, Geraldo Espíndola, depois veio Paulo Simões, interpretando Velhos amigos e Delinha, com Antigos Aposentos.
A esposa do músico do grupo, já falecido, José Charbel, dona Luciene, foi homenageada com a música Vaca Turuca, Boi Pantaneiro. Os artistas convidados receberam uma medalha comemorativa dos 50 anos do Acaba, que foi entregue durante o show, após as interpretações.
Após o show, Moacir Lacerda, um dos fundadores do grupo, falou que a emoção foi muito grande. “Foi u privilégio dado por Deus estar cercado de amigos cantando as cores e as dores do Pantanal”.
A única ‘acabense’
Vera Gasparotto Indo é a única mulher integrante do grupo que esteve presente a partir de 1970, mas teve que abandonar as apresentações para exercer a medicina. Ela conta como surgiu a ideia de sua participação no show dos 50 anos. “O Facebook aproximou as pessoas. A gente se reuniu, eu fiz uma homenagem em casa e daí surgiu a ideia do projeto dos 50 anos do Acaba. Eu falei ‘vamos comemorar’ e depois conseguimos todos os instrumentos necessários. Desde que eu saí do grupo não teve mais nenhuma mulher no grupo. A gente se reuniu e vamos ver se eu vou poder participar, de alguns shows com certeza, mas não de todos, pois sou médica em Ponta Porã”.
Antônio Luiz Porfírio integra o Acaba desde 1967, um ano após a criação, e diz que sempre participou no contrabaixo. “Eu sou fascinado pelo grupo. Teve uma contribuição muito forte, principalmente do Chico, do Moacir, do falecido Charbel. Participar deste show é ter a impressão de um sonho. A gente sabe que é uma vida, mas parece que foi ontem”.
Porfírio contou que o Acaba participou da cerimônia da criação do Estado de Mato Grosso do Sul em Brasília. “O então governador Harry Amorim Costa convidou a gente para cantar na criação do Estado na Praça dos Poderes, em Brasília. De repente você está pegando um avião para a criação do Estado. Foi demais para a gente. É um presente para mim participar destes 50 anos, a natureza que vem da música é espetacular”.
Participações e homenagens
O casal Jaime e Enir Albino estava com o netinho Rudah, de cinco anos. Eles gostam do grupo porque “fala do nosso ambiente do Pantanal”. “Acho que mais artistas deveriam cantar o Pantanal. Semana passada encontrei o Moacir [Lacerda] no evento do chamamé na concha Acústica e fiz contato com o radialista Mengual para ele participar do programa [A Hora do Chamamé]”.
Estavam com Jaime e Enir o músico Luiz Carlos Amarilha, integrante do antigo Zutrik, e sua esposa Laudicéia. Amarilha fez uma participação no segundo CD do grupo, com a música “Canto da alma, de composição de Lúcio Val. “É uma honra muito grande participar deste show, encontrei o Moacir e ele me convidou. A importância é tremenda pela captação da nossa história, a base da nossa música. O trabalho de pesquisa do grupo é de suma importância. Estamos participando de uma história para enaltecer nosso Pantanal”.
Estava na plateia a irmã do músico do Acaba, Luiz Alberto Sayd, Deise Sayd, com seu marido José Ladário. Ela conta que sempre acompanhou o grupo. “O Acaba enaltece Mato Grosso do Sul, suas quimeras, crendices populares, sua religiosidade, a flora, a fauna. Esse grupo canta o que é essa terra maravilhosa, esse povo simples. Aqui somos todos poetas. É um celeiro de coisas boas. Eles expandem Mato Grosso do Sul para o mundo. Onde eles vão eu vou atrás, cantando. Quando eu ouço esse grupo cantar eu fico extremamente espiritualizada, parece que estou vendo um índio nas matas, estou num outro astral. Vou ganhar a noite, lavar a alma, poder ouvir estas músicas é um privilégio”.
O analista de sistemas e músico Germano de Barros Souza Filho foi um dos convidados especiais. Ele foi chamado pelo Acaba para participar da homenagem prestada ao seu pai, o médico Germano de Barros, que era o médico de todos no bairro Amambaí. Ele compareceu com sua esposa, a farmacêutica bioquímica Flávia Laghi. “Meu pai foi médico deles todos, foram meus vizinhos no bairro Amambaí. Conheço todos. O Adriano [Praça de Almeida] foi meu professor de Óptica, amigo de papai. Conheço essa turma desde pequeno, são todos amigos de infância”.
Germano conta de uma história que aconteceu em Porto Murtinho. “Tem uns ‘lances legais’. Eu estava com amigos em Porto Murtinho por volta de 1978, 1979, e fomos para a pracinha. Lá descobrimos que o Acaba ia tocar, foi muito bom. Todos os shows que posso eu estou presente. É um encontro de amigos, uma grande festa”.
Germano interpretou com o grupo a música O dono da caça. “É uma música que gosto muito, fala dos ‘waptes’, os guerreiros indígenas adolescentes passando para a vida adulta. Narra a história destes guerreiros, que caçavam, carneavam o animal e a carne, depois de defumada, era amarrada com corda de buriti para trazer para a aldeia, já sem o osso. O grupo faz pesquisa do homem pantaneiro. As letras são musicadas sempre em ritmos da nossa América Latina, como a guarânia, o cururu, o chamamé. Eles falam de ecologia e preservação numa época em que ninguém falava disso. É um grupo emblemático de defesa da natureza”.
O show foi encerrado com um grande “Baile em Porto Esperança”, com artistas que estavam na plateia subindo ao palco e participando desta grande festa. O público também pôde subir ao palco após a apresentação para tirar fotos e tietar o grupo pois, afinal de contas, não é todo dia que se faz 50 anos de história.
(Com informações da Assessoria)
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