Criadoras e empreendedoras da moda na Capital falam sobre desafios do segmento

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Criadoras e empreendedoras da moda na Capital falam sobre desafios do segmentoBasta procurar um pouco, entre as araras de roupas e as feiras, bazares e eventos do segmento para perceber que Campo Grande é um terreno muito fértil em moda. E mais do que isso, além de ter um monte de pessoas que estão criando roupas, acessórios e conceitos, o empreendedorismo está galgando espaço entre esses criadores. Nessa categoria as mulheres empreendedoras da moda não deixam por menos e na Capital existem vários exemplos que podem mostrar de que forma estamos produzindo nossa própria identidade empresarial e fashion. 

E tem moda para todos os gostos. No segmento dos brechós, quem pode contar uma história bacana é a empresária Val Reis, que é uma das criadoras do Coletivo de Brechós e atualmente trabalha com o V.Vintage. Val está sempre elaborando eventos para valorizar esse segmento da moda e conta como tudo começou. “Eu comecei com brechós há dois anos. Sempre gostei muito de comprar em brechós e então, quando começaram a surgir grupos de vendas na internet, eu achei uma boa maneira de fazer uma renda extra. Comecei devagar e quando vi já estava fazendo isso de forma constante”, relembra. 

Val Reis com seu brechó nas tantas feiras e eventos que participa / Foto: Arquivo pessoal

 

 

Para ela, o brechó deve ser valorizado pois entra na categoria de negócios sustentáveis, que ao invés de produzirem consumo desenfreado e mais resíduos, por exemplo, reaproveita roupas e acessórios de forma totalmente sustentável. E como a moda em si é cíclica, os brechós estão em alta, e superando aquele conceito de que brechó não tem tendências ou mesmo não são opções viáveis para quem gosta de moda. “O mercado da moda em Campo Grande está crescendo, mas ainda tem muito a caminhar. Com o movimento dos brechós, com o movimento do Coletivo principalmente, cada vez mais as pessoas estão vindo conhecer, se espantam quando veem nossa organização, pois tem um conceito formado de que é uma loja de roupa velha. Enfim, acredito que ainda tem muito a crescer, mas estamos confiantes e na luta”, acrescenta.

Um brechó físico

Editorial Brecharia / Foto: DivulgaçãoVal Reis não tem loja física e acredita que não se adaptaria com um espaço fixo para seu negócio. Já a empresária Bruna Fernandes, proprietária do Brecharia, vai na contramão disso e está instalada no mesmo endereço, trabalhando com moda e cultura, há algum tempo. “O Brecharia surgiu de forma despretensiosa. Eu estava sem trabalho e resolvi fazer na garagem de casa um evento vendendo minhas roupas, da família, dos amigos, pra poder juntar um dinheiro. Eu já estava me formando no curso de administração de empresas e sempre estudei área de marketing e design, e isso me ajudou bastante a identificar as oportunidades e fazer disso um negócio”, relembra.

Segundo Bruna, o espaço no Carandá Bosque abriu em 2013 e se tornou um ponto cultural para quem gosta de moda, artesanato, gastronomia e música. Para ela, entre as vantagens e desvantagens de ser empreendedora, um dos desafios antecipar as tendências do mercado da moda. “Isso desde as redes sociais até preço, entrega, etc. Percebi durante esses anos que o mercado muda muito, e muito rápido. Tive que adaptar a proposta da loja algumas vezes, para acompanhar a demanda do mercado, mudei preço, mudei a forma de divulgar, várias vezes, e isso com certeza acontecerá de novo. O desafio é identificar que precisa dessa mudança e agir no tempo certo”, acredita ela.

No Brecharia, roupas de marca dividem espaço com outras de criadores e estilistas regionais. O ambiente é muito agradável e você consegue perder horas entre as araras de vestidos, camisas e óculos, tudo com um toque “vintage” e ao mesmo tempo moderninho. E as mudanças do mercado também se refletem no próprio negócio. “Percebi que de uns tempos pra cá têm aparecido bastante loja de roupa com uma proposta bacana de estilo, bem autênticas. Até mesmo no universo masculino. Tem abrido várias barbearias que além do serviço oferecem também venda de roupas e acessórios, cada uma com seu estilo. Acho isso bem legal. Outra coisa que está acontecendo são marcas de confecção própria, tudo fugindo do convencional. Muita estamparia, propostas de representar artistas locais, estampas inspiradas no Mato Grosso do Sul, estampas de grafite”, acrescenta. 

Entre o artesanal e o ‘hype’

Quem também atua no segmento da criação de moda 100% sul-mato-grossense, mas que se expande para vários outros mercados, é a artista e empresária Fran Zamora. Há algum tempo ela criou a marca de acessórios Chroma, que se especializa em relógios feitos com vários tipos de couro.

Fran começou de forma completamente artesanal, comprando uma máquina de costura. Ela passou três dias “decifrando” a máquina, até começar a criar suas pulseiras, cartucheiras e outros acessórios. “Nunca gostei das roupas como vinham, com sua legitimidade. Gostava muito de customizar e adaptar as minhas próprias roupas. Comprei alguns tecidos, fiz um lenço, e na época fazia faculdade de artes, fiz algumas pulseiras de tecido com elementos coloridos e as pessoas começaram a pedir”, relembra. 

Relógios criados por Fran Zamora / Foto: Divulgação

Desde então ela criou a Chroma, e começou a trabalhar com couro ao invés do tecido. O aperfeiçoamento da marca foi vindo com o tempo e com o aprendizado empresarial. Fran sabe que não basta ter um bom produto, é preciso vendê-lo para que a moda literalmente “pegue”. “Pensei: é isso que quero fazer da minha vida. Comecei a fazer cortes a laser, novos relógios. Fiz um display dos materiais todo em acrílico, comecei a fazer cursos sobre empreendedorismo, tirei meu MEI (o registro do Microempreendedor Individual)”, relembra.

Hoje, a Chroma trabalha com revenda e venda direta, e os relógios podem ser encontrados em vários locais e também nas redes sociais. 

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