Campo Grande vai ganhar estátua de Manoel de Barros em tamanho real
Miniatura de barro que servirá de base foi apresentada
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Miniatura de barro que servirá de base foi apresentada
O cartunista e escultor campo-grandense Victor Henrique Woitschach, mais conhecido como Ique, apresentou na tarde desta segunda-feira (19), em solenidade na Governadoria, a réplica de argila da estátua que fará em tamanho real do poeta Manoel de Barros, que completaria hoje 100 anos. Ique foi escolhido pelo governo do Estado e pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) para fazer uma estátua em comemoração ao centenário do poeta – projeto em parceria com a Fecomércio e com o Sesc-MS.
Durante a solenidade, foi assinado um termo entre as entidades referente a uma série de realizações referentes às atividades comemorativas aos centenário de Manoel de Barros. Ique apresentou a réplica da estátua que, quando finalizada, ficará no canteiro central da Avenida Afonso Pena, no trecho entre as ruas Rui Barbosa e Treze de Junho. Para a obra, que deverá ficar pronta até março de 2017, serão necessários mais de 230 kg de bronze.
Na ocasião, o artista também entregou gravuras de Manoel de Barros ao governador Reinaldo Azambuja, ao presidente da Fecomércio, Edison Araújo, e à diretora regional do Sesc-MS, Regina Ferro.
Processo criativo
Durante a solenidade, Ique contou com a presença de políticos, artistas, pesquisadores e familiares do poeta, Ique destacou o processo de criação da obra, que será aos moldes da famosa estátua de Carlos Drummond de Andrade, localizada no Rio de Janeiro, é necessário começar “de dentro para fora”. “Primeiro a gente faz o esqueleto de arame, com toda a estrutura de sustentação da obra, para em seguida fazer os músculos, pele, roupa e, por fim, a fisionomia”, relatou o artista, que disse estar lisonjeado com o convite para a realização da obra.
“É um prêmio para mim, como artista, receber a honra de construir essa obra, justamente quando estou completando 40 anos de carreira e retornando para Campo Grande”, concluiu Ique, que é radicado no Rio de Janeiro.
Centenário do Poeta
O centenário de Manoel de Barros, um dos poetas contemporâneos brasileiro mais lido no mundo, é comemorado nesta segunda-feira (19). Falecido em 2014, aos 97 anos, o artista é nascido em Cuiabá (MT), mas foi na parte sul do Estado, atual MS, que traduziu as curvas, cores, vivências e reflexões sobre o Pantanal nos versos de sua poesia aclamada mundialmente.
O Sesc de Mato Grosso do Sul mantém em cartaz, desde novembro, uma exposição temática sobre o poeta, chamado “Meu Quintal é maior que o mundo”, no Sesc Morada dos Baís, além de desenvolver oficinas, exposições, intervenções artísticas e outras ações vinculadas ao projeto do centenário. Já numa proposta interartística, escolas de samba como a Igrejinha, de Campo Grande, e a carioca ‘Império Serrano’, apresentam para o carnaval de 2017 samba-enredo que homenageia o poeta.
Em Campo Grande, a antiga Avenida do Poeta, no Parque dos Poderes, também teve o nome repaginado para o maior representante da literatura sul-mato-grossense: a via passou a chamar-se Avenida Poeta Manoel de Barros, após projeto de lei sancionado pelo Executivo municipal no último dia 14 de dezembro.
Sobre Manoel de Barros
Nascido em Cuiabá em 1916, Manoel de Barros era filho do capataz João Venceslau Barros. Viveu por muitos anos em Corumbá (MS), antes de se mudar para a capital sul-mato-grossense. Ainda criança, passava longas temporadas na fazenda do pai, no Pantanal, onde desenvolveu o olhar para os movimentos da natureza. Engana-se, porém, quem o vê como um “poeta do Pantanal”, rótulo que ele sempre recusou. “A poesia mexe com palavras e não com paisagens”, justificava.
Nos anos 1980, admiradores famosos de seus versos, como Millôr Fernandes e Antônio Houaiss, começaram a divulgar poemas de Manoel de Barros, ou a citá-lo em colunas de jornais. Já Carlos Drummond de Andrade chegou a declarar que o cuiabano era o “maior poeta brasileiro” vivo. O sucesso do filme “Caramujo-flor” (1989), do cineasta sul-mato-grossense Joel Pizzini, ensaio visual baseado na vida e na obra de Manoel, foi também responsável pelo reconhecimento tardio. Sua morte deixou uma lacuna na cultura da poesia brasileira (colaborou Daiane Líbero).
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