O Cerrado é feio? Intervenção mostra a beleza do bioma que pode desaparecer até 2030

A exposição itinerante traz registros de animais e plantas   

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A exposição itinerante traz registros de animais e plantas 

 

Com alguns tecidos na mochila, um varal e muita disposição, Simone Mamede pedala por Mato Grosso do Sul. A proposta é parar em qualquer lugarejo e “estender” sua intervenção. Em tecidos, ela imprimiu registros de árvores e animais nativos do Cerrado, feitos por ela mesma. Depois, é só pendurar em um varal e aguardar os olhares atentos. E eles sempre vêm.

“As pessoas param olham. Ficam realmente curiosas”, diz Simone ao nos contar a reação de quem participa da intervenção.

No entanto, mais do que encantar, a proposta é alertar para a destruição que vive o Cerrado em todos os Estados que o compõem. Muito se deve, explica, ao ‘preconceito’ que nutrimos em relação ao bioma. “Ah! As árvores são tortas. É feio, seco”, é o que escuta por aí.”

Com a sensação de que é feio e pouco digno de cuidados, mas não apenas por isso, o Cerrado tem sido devastado.

Na década de 70, a situação se tornou ainda mais crítica com a expansão da fronteira agrícola. Dos 204 milhões de hectares originais, 57% já foram completamente destruídos e a metade das áreas remanescentes está bastante alterada, indicam estudos.

O Cerrado é feio? Intervenção mostra a beleza do bioma que pode desaparecer até 2030
Segundo estudo divulgado pela ONG ambientalista CI-Brasil (Conservação Internacional Brasil) revelam que o Cerrado deverá desaparecer até 2030. Entre as regiões mais afetadas, a que fica em Mato Grosso do Sul, se destacam.

Para Simone, parte disso se deve à falta de pertencimento e amor ao bioma, por isso, a ideia de levar conhecimento e encantamento às pessoas. O tecido, explica, simboliza a situação do Cerrado. “É sensível, é bonito de seu jeito. Assim como podemos apreciar, devemos cuidar dele também. Por isso a ideia do varal”, nos explica ao citar um poema de Nikolas Behr:

“nem tudo

que é torto

é errado

vide as pernas

do garrincha

e as árvores

do cerrado”

*Todas as fotos são de Simone Mamede

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